sábado, 31 de dezembro de 2022

Um ano perfeito?

       Vamos lá somar os algarismos!

       2023 dá sete! Aí está: 2+0+2+3. Se for 20+23 resulta em 43. Antigamente dizia-se "Noves fora sete".
       Já aqui se tratou da magia do sete. Preferia abordar o ano mágico que está para vir.
       Fica a expectativa. No final, confirma-se ou infirma-se. Faça-se, contudo, para que assim seja: ano de esperança, de perfeição, de magia.
    Segundo as cartas do arcano maior, no Tarot, o sete configura-se com dois cavalos ou dois corpos dianteiros a arrastarem uma espécie de carruagem, montada sobre duas rodas, coberta por um dossel. É como se estivessem fundidos num carro, mas cada um andando para o seu lado (lembrando que, entre o bem e o mal, há o livre arbítrio, a escolha). Vê-se, ainda, um homem coroado, com um cetro na mão direita e a esquerda junto a um cinto dourado, sugerindo um rei ou líder na condução do caminho, do percurso a fazer. Na parte da frente do carro, há um escudo com duas letras, a variar conforme as edições das cartas.
    Designada por "O carro" ou "A carruagem", a carta sete simboliza a contemplação ativa, o repouso, a vitória, o triunfo, a superioridade e a razão. É ainda interpretada como o êxito legítimo, o avanço merecido, talento, dons e capacidade, tato para governar, diplomacia e direção competente, confiança e caminho.
     Há quem se refira às maravilhas do mundo (antigo ou contemporâneo, tanto faz). Independentemente de quais sejam ou de que tempo, são sete - o número entendido como completo e perfeito; o que se define pela totalidade, pela consciência, pelo sagrado e pela espiritualidade. Fechado o ciclo, traz consigo o cenário da renovação. Ao fechar de um ano, abra-se outro, a descobrir, renovado.
      O uso do número sete na Bíblia, por exemplo, aponta para a ideia de plenitude ou a perfeição de algo ou alguém, como se lê: na criação do mundo e o dia de descanso, no Génesis; na persistência do perdão no sete e seus múltiplos, quando, no Novo Testamento (Mateus 18:22), Jesus menciona a Pedro a capacidade de perdoar "até setenta vezes sete”; na plenitude espiritual, representada no livro do Apocalipse (que, representativo do curso de um ciclo, se abre a novas descobertas, tal como o termo o sugere no grego antigo).

       Venha o 2023, mais a magia positiva do sete! Boas saídas, ótimas entradas e o melhor do ano para todos!

sábado, 24 de dezembro de 2022

Natal com alguma cor

     E veio mais um...

     Talvez seja o tempo de (re) nascer
     Talvez seja o tempo de lembrar o que é viver
     Talvez seja o tempo de renunciar ao imediato
     Talvez seja o tempo de dar tempo

Um Postal de Natal à espera do Verde

     Talvez seja o tempo de dar outra vez à vez
     Talvez seja o tempo de outra versão (de ver o que é são)
     Talvez seja o tempo
     Talvez

     Chegou a tal vez: boas festas a todos.

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

(Outros) Apontamentos natalícios na cidade

    De noite ou de dia, o Natal na cidade traz um pouco de alegria.

   Mesmo quando o cinzento no clima dos dias se impõe, parece haver sempre um apontamento a dar cor e animação:
    
Montagem de fotografias com sinais natalícios de Espinho (VO)

   A semelhança de outros apontamentos, chegou mais este para mostrar como foi decorar a festividade nas ruas e praças, com a magia natalícia. Não vi o Pai Natal, mas pode ser que ainda deixe qualquer coisinha na bota cá de casa.

    Só faltou a paz mundial que a época prenuncia, mas os homens renunciam.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Foi a vez do João Ratão...

      Diz o título que é "Uma história..."

     As autoras dizem que é uma peça de teatro "cheiinha de música e de cor". Eu digo que é um teatriiiiiinho bem sério, pelo que lembra, diverte e ensina.


Publicitação de Uma história do João Ratão, de Maria Clara Miguel e Maria Dolores Garrido

    Primeiro, porque protagoniza o João Ratão e secundariza a Carochinha (o preconceito do género dominante é de problematizar, mesmo quando se apresenta ao contrário); depois, mostra que nem tudo o que parece é (não é de esquecer que o aumentativo 'Ratão' está mais para a fraqueza, como o diminutivo do 'Quinzinho' está mais para o espertalhão, numa contradição de opostos); também procura mostrar o que faz o João Ratão cair no caldeirão, ou melhor, aponta a razão para este ser tão glutão na tradicional versão da história; por fim, recria, positivamente, um final que não era muito feliz e procura espreitar o "happy end" que a "História da Carochinha" não tem.
     Aprende-se que há sempre um motivo para o que se é (personagem ou pessoa); que temos de dar volta às coisas, para que não persista o "...Triste vida a minha!..."; que não tem de haver um final trágico na vida, desde que façamos por isso; que o passado pode ajudar a explicar o presente e evitar um futuro nefasto.
Breve dramatização de "Uma história do João Ratão" (Clube de Teatro da ESG)

     Há um rio e uma ponte a simbolizar passagem, o desvelamento do(s) mistério(s), um modo de ver as coisas que pode mudar - pois nem tudo é estável, imutável, definitivo. E não há como procurar ter outras perceções e perspetivas, para se poder ver o lado bom das coisas.
      Assim se dá a ler Uma história do João Ratão, que tem ainda um Burrico Tonico bem castiço e um Mocho Julião, um frade conviva e conciliador. Porque "quem canta seus males espanta", também há uns grilos cantantes que nos lembram melodias de infância com letras e ritmos muito contemporâneos, para encantamento do leitor e/ou do espectador.
      Ora, foi esta a receção deste pequeno grande livro, aquando da apresentação da obra nas Escolas Básicas de Anta e de Guetim, bem como na Escola Básica Integrada Sá Couto: momentos para almofadinha no chão, conversinha com a Maria Clara Miguel, um videozinho "fixe", um "ganda rap" e até uma leitura expressiva dramatizada, tal como o texto dramático o sugere / potencia.

     Um teatrinho para grandes e pequenos - já que isto de literatura infantil tem muito que se lhe diga!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Um quiasmo... no muro.

        A prova de que os recursos retóricos andam aí pelas ruas.

       Ou melhor, nos muros. Não se diga, portanto, que as figuras de retórica são para os textos literários, porque é bem redutor tal pensamento.
       Basta uma caminhada para nos cruzarmos com uma delas:

Quiasmo em paredão junto à praia - na Granja (Foto VO)

      Ao estilo vieirino (que tantas vezes recorreu ao quiasmo para expressar um pensamento moralizador nos seus sermões), veja-se uma repetição configurada numa construção reveladora de um paralelismo cruzado (se figurar em linhas prosaicas ou versos distintos) ou de uma ordenação contrária (do tipo AB - BA). Se o Homem come para viver, é bom que não viva para comer. Há como que um efeito de espelho, de reflexo, partindo a frase anterior em duas; um pensamento não deixa de ficar marcado: o da sobrevivência que não deve dar a lugar a excessos ou vícios.
     Há, portanto, uma simetria sintática a traduzir uma máxima ou moralidade significativa - prova de como a forma está de mão dada com o conteúdo para que tudo faça (algum) sentido.
     Com o exemplo fotografado, o primado da sensibilidade firma-se (só não sei se houve a mesma no ato de pintar a pedra de forma algo ousada). Talvez não resulte em vandalismo puro porque a verdade do escrito impõe-se face à frieza da racionalidade ou da pedra.

     Se são figuras retóricas, são da língua - falada ou escrita. Nem que seja no paredão de uma localidade próxima.

sábado, 10 de dezembro de 2022

A propósito de mensagens

     Hoje alguém me escrevia, lembrando-se de mim e da "Carruagem 23".

     Não sei bem por que razão, quando a fonte de tudo é a "Amarguinha". 
    Esta publicidade do conhecido licor tradicional algarvio é do melhor na denúncia de erros que podem comprometer uma relação:

Publicidade inteligente I (com agradecimento à AMT, pela lembrança)

        Ora cá está um bom critério para selecionar quem seja namoradeiro: que fale e escreva bem e não leve ninguém ao inferno (sim, porque o Hades é rio que não leva a mar paradisíaco). 'Hás de' (e sem hífen) leva a melhor caminho.

Publicidade inteligente II (ainda com agradecimento à AMT, pela lembrança)

      Cá está a prova de que a beleza não é tudo! Pelo menos, há que ser giro e escrever bem - e mais vale a beleza do saber, pensando que o final da mensagem é bem revelador de que mais vale ser feio, sólido (e não líquido, a ponto de se beber) e escrever 'bebeste'.

Publicidade inteligente III (desta feita sem agradecimento, porque selecionada por mim)

    Nada contra ser "poli", ou outra coisa qualquer, desde que "o sono" e "a preguiça" sejam acompanhados de "a vontade" (pela regularidade sintática conveniente na coordenação) e o "permanente" (adjetivo) dê lugar, por exemplo, a "permanentemente": 'estar de férias' (quem não quer!) é expressão verbal cuja modificação está mais para um advérbio (com valor de modo, de tempo ou de lugar). 
      Digamos que, neste caso, a estratégia publicitária não resultou em pleno, na sua construção, porque isto de ter vários amores não pode fazer esquecer que a ortografia, a morfologia e a construção sintática são áreas muito exigentes no uso da língua e todas requerem muito cuidado e muita atenção.
      Conclusão: terá sido a lembrança por me acharem amargo (já que, de "Amarguinha", nem vê-la nem cheirá-la)?! Por me pensarem homem com muitas relações (estou mais para as ralações)?!
      Vamos lá levar a "carruagem" no trilho, antes de a fazer parar a meio do percurso ou a imobilizar na estação!

     "Errare humanum est" (errar é humano) já diziam os clássicos latinos. Acrescentaria "Perseverare autem diabolicum" (perseverar no erro é diabólico). Se a "Amarguinha" ajudar, ... (conclua-se o que não vou sequer ajuizar).

terça-feira, 6 de dezembro de 2022

Descubra as diferenças

     Quando se celebra e se faz render uma vitória, tudo acontece.

     Depois do jogo Portugal - Suíça, com a vitória lusa por 6-1, defende-se que a partida irá ficará na história, na memória coletiva dos portugueses. Assim o dizem os comentaristas que falam, e falam, mais falam...
     Ora, por falar em memória, esta anda fraca no programa televisivo "Noites do Mundial" (na RTP3). No acompanhamento da entrevista ao treinador Fernando Santos, as legendas vão passando e repetindo informações, citações...
      Bastam segundos para os leitores descobrirem as diferenças:

Numa televisão segundos antes (com o agradecimento à TJ, que enviou foto)

Na minha televisão segundos depois, e fui eu a tirar a foto (Foto VO)

      Começou mal; acabou bem. Antes assim! 
    A diferença não está nos aparelhos televisivos nem na posição do entrevistado. O Fernando é o mesmo, mas não há santos que impeçam o mal de aparecer: a memória da escrita anda muito volátil, particularmente quando se esquece que o tempo passado, a duração temporal é escrita com "há" (o tempo que passou, que existiu, que deu ou dá lugar a um período com duração) e, de preferência, sem o "atrás", para não ser pleonástico.

      Vale a correção (do erro). A ela se dê a devida atenção (à correção, claro). E viva a seleção (de futebol)!