quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

Foi a vez do João Ratão...

      Diz o título que é "Uma história..."

     As autoras dizem que é uma peça de teatro "cheiinha de música e de cor". Eu digo que é um teatriiiiiinho bem sério, pelo que lembra, diverte e ensina.


Publicitação de Uma história do João Ratão, de Maria Clara Miguel e Maria Dolores Garrido

    Primeiro, porque protagoniza o João Ratão e secundariza a Carochinha (o preconceito do género dominante é de problematizar, mesmo quando se apresenta ao contrário); depois, mostra que nem tudo o que parece é (não é de esquecer que o aumentativo 'Ratão' está mais para a fraqueza, como o diminutivo do 'Quinzinho' está mais para o espertalhão, numa contradição de opostos); também procura mostrar o que faz o João Ratão cair no caldeirão, ou melhor, aponta a razão para este ser tão glutão na tradicional versão da história; por fim, recria, positivamente, um final que não era muito feliz e procura espreitar o "happy end" que a "História da Carochinha" não tem.
     Aprende-se que há sempre um motivo para o que se é (personagem ou pessoa); que temos de dar volta às coisas, para que não persista o "...Triste vida a minha!..."; que não tem de haver um final trágico na vida, desde que façamos por isso; que o passado pode ajudar a explicar o presente e evitar um futuro nefasto.
Breve dramatização de "Uma história do João Ratão" (Clube de Teatro da ESG)

     Há um rio e uma ponte a simbolizar passagem, o desvelamento do(s) mistério(s), um modo de ver as coisas que pode mudar - pois nem tudo é estável, imutável, definitivo. E não há como procurar ter outras perceções e perspetivas, para se poder ver o lado bom das coisas.
      Assim se dá a ler Uma história do João Ratão, que tem ainda um Burrico Tonico bem castiço e um Mocho Julião, um frade conviva e conciliador. Porque "quem canta seus males espanta", também há uns grilos cantantes que nos lembram melodias de infância com letras e ritmos muito contemporâneos, para encantamento do leitor e/ou do espectador.
      Ora, foi esta a receção deste pequeno grande livro, aquando da apresentação da obra nas Escolas Básicas de Anta e de Guetim, bem como na Escola Básica Integrada Sá Couto: momentos para almofadinha no chão, conversinha com a Maria Clara Miguel, um videozinho "fixe", um "ganda rap" e até uma leitura expressiva dramatizada, tal como o texto dramático o sugere / potencia.

     Um teatrinho para grandes e pequenos - já que isto de literatura infantil tem muito que se lhe diga!

2 comentários:

  1. Já tinha visto e comentado o teatrinho no blogue Mariana. E é como diz.
    Boas Festas

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