No Pontal, a correção não esteve na ponta da língua.
A falha do microfone no início do discurso foi questão de somenos importância, resolvida em sete minutos. Bem pior foi o anúncio da medida do suplemento das pensões, pelo modo como foi feito. Na variação existente, o presidente do PSD e atual primeiro ministro afirma o seguinte: "Quem tiver uma pensão entre estes 1018.52 euros e 1527 euros e 78 cêntimos será-lhe [CREDO!!!!] paga uma verba, a título de suplemento extraordinário, no valor de cem euros."
Acrescenta a jornalista que dito assim agradará aos beneficiários.
É bem possível, perante a miséria de algumas reformas existentes no país. Não agradará, por certo, a quem percebe alguma coisa da nossa língua materna e ouve um "será-lhe" que faz arrepiar o cérebro.
É bem possível, perante a miséria de algumas reformas existentes no país. Não agradará, por certo, a quem percebe alguma coisa da nossa língua materna e ouve um "será-lhe" que faz arrepiar o cérebro.
Foto de um momento crítico na língua
(não no lido, mas no ouvido e atestado hoje televisivamente no "Jornal" da SIC Notícias)
Há quem diga que alguém "puxou a manta e os pés ficaram de fora", a propósito dos efeitos da medida proclamada. Acrescentaria que alguém precisa de um suplemento bem maior na língua, para que o futuro do verbo, na conjugação pronominal utilizada, resulte no devido "SER-LHE-Á". A conjugação do futuro e do condicional, para não regressar ao estádio linguístico do galaico-português, tem particularidades que atualmente são ensinadas aos alunos (para se evitar um erro morfológico típico), as quais não devem entrar de férias, muito menos por quem deve estar instruído no bom uso da língua oficial; muito menos num período de grande visibilidade (e audição) naquela que se diz ser a "rentrée" política.
Não foi só no arranque e nem tudo é culpa do microfone. É a meio e no modo como se fala. E todos aplaudem, sorridentes, o que se anuncia, bem como o modo impróprio desse anúncio. Salvos sejamos deste politiquês que nos dão a ouvir!