Fizeram-me chegar a desgraça que grassa pela televisão (não tem graça, não)!
Imagine-se a qualidade linguística da nossa comunicação televisiva, a partir dos exemplos que me fizeram ler precisamente hoje! Chega a ser constrangedor.
Comecemos com a incapacidade de acertar no adjetivo relacionado com o ato de asserir e com a força das asserções. E porque, (orto)graficamente, de 'ss' se trata, veja-se no que a CNN não acerta:
Notícias de última hora que deveriam dar lugar ao fim de legendas infelizes.
Isto de ser assertivo pode ter a ver com 'pontarias', mas de atos de fala. Diria que é preciso não ter mira linguística para falhar. É o que faz um órgão de comunicação social (à semelhança de outros).
Segue-se o clássico desrespeito da morfologia: se o verbo é 'incendiar', previsivelmente as formas da conjugação mantêm a base (excetuando, naturalmente, as do singular no presente do indicativo e do conjuntivo). Portanto, onde se lê o errado 'e' da terceira sílaba veja-se o expectável 'i' da base de formação / variação da palavra:
Interferências... não dos manifestantes, mas da pessoa e número gramatical (foto AMT)
Convenhamos: a legenda tornou a situação mais incendiária, pelo mau uso da língua. Inconsciências morfológicas, para não dizer desconhecimento ou ignorância.
E como não há duas sem três (bom é que não se avance mais), assinale-se outra manifestação de desrespeito morfológico: ignorar a conjugação de 'vir' e sua projeção nas formas verbais de 'intervir'.
Se "*interviu", não salvou! Falhou redondamente. (Foto e agradecimento à AMT)
Isto de querer 'ver' (viu) o que não é possível é uma forma de cegueira (da pior espécie). É questão de 'vir' (veio) e era bom que tivesse chegado na forma correta.
Em dia que devia ser de celebração, fica o registo da aberração (múltipla).