Feita a passagem (seja ela lá qual tenha sido), há que seguir em frente.
Ano Novo
Ficção de que começa alguma coisa!
Nada começa: tudo continua.
Na fluída e incerta essência misteriosa
Da vida, flui em sombra a água nua.
Curvas do rio escondem só o movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento.
in Poesia 1918-1930, Assírio & Alvim,
Por outros termos, diz o poeta Fernando Pessoa o mesmo, na forma mais cert(eir)a e natural que todos devemos (re)conhecer:
Ano Novo
Ficção de que começa alguma coisa!
Nada começa: tudo continua.
Na fluída e incerta essência misteriosa
Da vida, flui em sombra a água nua.
Curvas do rio escondem só o movimento.
O mesmo rio flui onde se vê.
Começar só começa em pensamento.
in Poesia 1918-1930, Assírio & Alvim,
ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2005
A metáfora do rio, enquanto curso do tempo e da vida, é um 'topoi' literário. Em sete versos, materializa-se a expressão poética cantada e contada em número de forte espiritualidade e simbolismo (enquanto totalidade do Universo em constante transformação, associado à pesquisa, introspeção; ao ocultismo, ao pensamento profundo), na aproximação do Homem com Deus.
Continuemos, então, o rio, indo ao encontro desse mar, lá nos confins desse encontro com o que está para depois da vida.
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