Em registo um tanto anacrónico, fez-se a aproximação à Crónica de D. João I.
Em termos de contexto epocal, falar da crise de 1383-85 e da batalha de Aljubarrota é ponto essencial quando se aborda uma das crónicas de Fernão Lopes: a Crónica de D. João I. Esta obra quatrocentista propõe uma versão legitimadora da ascensão do Mestre de Avis ao trono (após a morte do rei D. Fernando), numa visão parcial dos factos e das personalidades (entre a heroicização de um bastardo e a diabolização de uma rainha-regente, mais de um amante estrangeiro, os quais estão mais para uma facção indesejada: a que apoia a causa castelhana, bem como a perda da independência nacional).
"Conta-me História" trata desta questão / época de uma forma ora cómica ora demonstrativa do que foi um período histórico crítico de Portugal:
Excerto do programa televisivo da RTP1: "Conta-me História"
Num diálogo entre Luís Filipe Borges e Fernando Casqueira, em pouco mais de meia hora, fica a saber-se o que marcou o final do século XIV na História de Portugal, objeto da narrativa lopiana. Entre intrigas palacianas, que mais parecem uma "telenovela venezuelana", jogos e estratagemas assentes em interesses nem sempre claros, fica uma construção voltada para a causa portuguesa e a manutenção da independência nacional.
A obra em apreço é quatrocentista (século XV) e os factos narrados são trecentistas (século XIV). A visão histórica é a de um cronista que, por mais que afirme a verdade da História, não deixa de a marcar por uma parcialidade que, literariamente, está bem assinalada com a modalidade apreciativa / avaliativa tão evidente em expressões como "era maravilhosa cousa de se ver" (para além de outras, que marcam a presença do narrador no discurso, com os seus comentários e juízos de valor acerca do que é narrado).
A obra em apreço é quatrocentista (século XV) e os factos narrados são trecentistas (século XIV). A visão histórica é a de um cronista que, por mais que afirme a verdade da História, não deixa de a marcar por uma parcialidade que, literariamente, está bem assinalada com a modalidade apreciativa / avaliativa tão evidente em expressões como "era maravilhosa cousa de se ver" (para além de outras, que marcam a presença do narrador no discurso, com os seus comentários e juízos de valor acerca do que é narrado).
Um exemplo que procura trazer o passado a uns olhos e ouvidos do presente, para que dele façam memória futura.
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