Depois de assistir a um documentário de 2019 intitulado "O Museu do Prado" (TVCine Edition), apetece lá voltar.
Apresentado por Jeremy Irons e dirigido por Valeria Parisi, trata-se de uma produção para televisão a assinalar a primeira viagem cinematográfica pelas salas, histórias e emoções de um dos museus mais visitados do mundo. Nele encontram-se obras de arte magníficas, contando a história de Espanha desde os Trastâmaras aos Habsburgo, bem como do continente europeu que esteve sob a alçada do império de Carlos V.
Entrada lateral do Museu (estátua de Velázquez)
Do Salão dos Reinos de Filipe IV (bisneto de Carlos V) ao grande e complexo edifício que abriu as portas madrilenas à arte (primeiro, por mandado de Carlos III de Bourbon, no século XVIII, ao arquiteto Juan de Villanueva; depois reto-mado, após as invasões francesas, por Fernando VII e Isabel de Bragança), destaque para a pintura de Ticiano, Rubens, El Greco, Velázquez, Goya, Dalí - espelhos de tempo e de histórias a (re)descobrir e a (re)viver.
Aquando dos duzentos anos de abertura ao público (1819-2019), as fachadas principal e lateral do museu estavam em restauro. No interior, eram tantos os espaços e as obras que o tempo esgotou-se na infinitude de pontos de interesse, dos mais antigos aos mais contemporâneos.
Rever alguns deles neste registo fílmico foi uma boa recordação, por certo. Ainda assim, as cores e as dimensões do autêntico estão para lá do que o ecrã televisivo permite.
Termina o documentário com uma citação das palavras de Pablo Picasso, diretor do Museu do Prado, em 1936:
"A Arte limpa a alma...
... da poeira da vida quotidiana".
Lembro-me de ter percorrido alguns dos corredores e das secções do grandioso museu, e ficar com a sensação de que precisava de mais do que dois dias para apreciar tanta herança cultural.
Entre tantos registos, trouxe este:
"Deposição da Cruz", pintura flamenga (Van der Wayden)
Um quadro que desafia as linhas da moldura, o espaço da imagem (explorando um efeito claustrofóbico), a própria pintura (apresentando-se com tridimensionalidade, quase como se fosse uma escultura, na composição para lá das linhas convencionais, dos limites retangulares singulares e das linearizações estáticas). Um episódio religioso, bíblico, convoca a reflexão sobre a morte, quase numa coreografia dos corpos inanimados / desfalecidos, sem esquecer o pormenor de uma caveira (ao fundo, aos pés) a impor-se face à grandiosidade das figuras representadas.
Acho que estou a precisar de um bom banho (de cultura)!
Vi ontem esse documentário sobre o Prado (que foi bastante mais que isso). Gostei bastante. Mas têm andado a passá-los durante quase todo o verão. Vi vários. São beleza cuidada e exaltante. Para o que muito contribui a voz e o modo de Jeremy Irons. Momentos destes reconciliam-nos com a TV e os tele cines.
ResponderEliminarAbsolutamente de acordo.
ResponderEliminarNo meio de tanto lixo televisivo lá vai aparecendo uma ou outra pérola.
Obrigado pela mensagem.