É um clássico, um dos grandes da literatura mundial, que já mereceu referência neste espaço por outros motivos.
Hoje é data reconhecida para o seu nascimento há 447 anos.
E neste mesmo dia, quando Shakespeare se deu a conhecer à Humanidade, relembro uma representação de O Mercador de Veneza, peça do dramaturgo inglês (dos finais do século XVI - 1596/98), reposta, numa versão cénica fabulosa de Ricardo Pais e Daniel Jonas, no Teatro Nacional de São João do Porto, por alturas do início de 2009.
E neste mesmo dia, quando Shakespeare se deu a conhecer à Humanidade, relembro uma representação de O Mercador de Veneza, peça do dramaturgo inglês (dos finais do século XVI - 1596/98), reposta, numa versão cénica fabulosa de Ricardo Pais e Daniel Jonas, no Teatro Nacional de São João do Porto, por alturas do início de 2009.
Exemplo de uma "comédia" marcada pelo jogo trágico das acções e emoções humanas, só por ironia se pode falar num "happy end" ou, citando o próprio autor com o título de outro texto dramático, em "All's well that ends well". Há muita duplicidade, muito desafio, conflitos e percepções a minar relações, poderes que desafiam o protagonista do título (o mercador cristão António) e o do texto (o judeu Shylock).
Numa Veneza mercantil, onde a lei dos homens bons impera pela inteligência das mulheres vindas de Belmonte, surge à frente do espectador uma rede de equívocos, enigmas, valores e temas que Shakespeare conseguiu compor numa coerência avassaladora, capaz de tocar o ser de qualquer humano. Entre a libra (ou o meio quilo) de carne; a história dos três cofres; a abordagem de temas como a questão do sexo, das raças, das crenças, das leis; o jogo do disfarce, todos impõem os valores básicos do bem e do mal, numa tensão que não deixa ninguém sem partido.
Na multiplicidade de formas artísticas convocadas para os temas e para a obra, não é de menor apreço a adaptação fílmica de The Merchand of Venice, de Michael Radford (2004), com destaque para as interpretações de Al Pacino (Shylock) e Jeremy Irons (António). Muito actual é o monólogo do judeu, pela reflexão que suscita face às diferenças:
No fim, retoma-se um 'topos' shakespeariano: o da música harmoniosa e pacificadora, vinda da paradisíaca Belmonte - "Here will we sit and let the sounds of music creep in our ears".
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