A propósito da expansão do grupo nominal, regresso à reflexão sobre modificadores e complementos do nome.
Q: Confrontando frases, surgiu-me uma dúvida que não tenho conseguido esclarecer sozinha:
Q: Confrontando frases, surgiu-me uma dúvida que não tenho conseguido esclarecer sozinha:
i) na frase 'A pesca baleeira tem vindo a aumentar', 'baleeira' é o complemento do nome "pesca" no grupo nominal 'a pesca baleeira';
ii) na frase 'Adoro flores frescas e coloridas', 'frescas e coloridas' é considerado pelo DT como um modificador restritivo, o que eu entendo com facilidade.
A questão é: por que motivo não é também 'baleeira' modificador restritivo na frase já referida? Isto, porque, a meu ver, 'baleeira' restringe a 'pesca', afunila o tipo de pesca, excluindo as pescas que não as da baleia. Ou melhor, se afirmarmos que a pesca tem vindo a aumentar, podemos estar a cometer uma imprecisão, se toda a pesca estiver a decrescer, salvo um tipo de pesca, a da baleia. Assim, parece-me que o GAdj (baleeira) restringe a ideia “alargada” de “pesca”, bem como acontece com 'frescas e coloridas', que restringe, afunila também a ideia de flores.
R: Suponho que a dúvida se prenda mais com a colocação dos adjectivos (pós nominais) e a informação que comportam. Todavia, a classificação de complemento de nome, conforme a designação o aponta, prende-se com o núcleo do grupo nominal, isto é, os tipos de nome e os elementos por este requeridos na estrutura argumental.
ii) na frase 'Adoro flores frescas e coloridas', 'frescas e coloridas' é considerado pelo DT como um modificador restritivo, o que eu entendo com facilidade.
A questão é: por que motivo não é também 'baleeira' modificador restritivo na frase já referida? Isto, porque, a meu ver, 'baleeira' restringe a 'pesca', afunila o tipo de pesca, excluindo as pescas que não as da baleia. Ou melhor, se afirmarmos que a pesca tem vindo a aumentar, podemos estar a cometer uma imprecisão, se toda a pesca estiver a decrescer, salvo um tipo de pesca, a da baleia. Assim, parece-me que o GAdj (baleeira) restringe a ideia “alargada” de “pesca”, bem como acontece com 'frescas e coloridas', que restringe, afunila também a ideia de flores.
R: Suponho que a dúvida se prenda mais com a colocação dos adjectivos (pós nominais) e a informação que comportam. Todavia, a classificação de complemento de nome, conforme a designação o aponta, prende-se com o núcleo do grupo nominal, isto é, os tipos de nome e os elementos por este requeridos na estrutura argumental.
Ao focalizar-se o nome, concluir-se-á que este selecciona complementos (considerando a tipologia de nomes já aqui apontada) ou, então, é acompanhado por modificadores.
No caso da primeira frase, aparece um grupo nominal, 'A pesca baleeira', cujo núcleo é um nome eventivo (decorrente de uma forma verbal -'pescar'-, por derivação não afixal, ou a tradicional derivação regressiva). Esta propriedade está implicada no verbo que deriva em nome, pois a estrutura argumental do verbo 'pescar' é transitiva [alguém PESCAR alguma coisa]. Assim, o nome derivado ('pesca') selecciona também um complemento assente no papel temático de agente ou de objecto.
O mesmo não sucede com o nome 'flor(es)', uma vez que este último não pertence a nenhum dos tipos nominais associados a complementos; daí 'frescas e floridas' funcionar como modificador interno ao grupo nominal (na base da restrição, ou seja, 'Adoro apenas as flores frescas e coloridas'; as que não têm tais características não são adoradas).
Mais do que a expansão, interessa ver o núcleo, a essencialidade. Esta é uma questão fundamental, lógica, para a classificação sintáctica de qualquer termo, nomeadamente dos grupos de palavras e dos elementos que o compõem.
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