quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Publicidade muito fonética

        É o que dá estarmos na época das constipações e das gripes

    Os cartazes de publicidade espalhados pela cidade lembram-nos o mal-estar que elas nos provocam. 
     A grafia proposta no que se lê à esquerda assim o sugere, para o que seria a realização oral do enunciado.
  Comprometida a cavidade nasal, fica a sonoridade dos sons oclusivos sem o traço da nasalidade - ou, melhor dizendo, fica o [b], [d], [g] sem a nasalidade que os transformaria em [m], [n], [ƞ].
    Fica ainda a oclusiva [t] do 'entupido' alterada para a respetiva sonora ([d]) - se tal não acontecesse, seria surdez a mais numa só palavra (com o [t] e o [p] tão próximos). A dissimilação convém para equilibrar a alternância sequencial sonoro-surdo-sonoro.
     A confusão nos sons oclusivos está instalada, portanto. Nada que um spray nasal não pareça resolver, a julgar pelo que é anunciado.
    Uma outra versão deste propósito publicitário pode encontrar-se no cartaz da direita, num contexto mais relacionado com a festividade do Dia dos Namorados (ou dos 'naborados'). É certo que, à data, este já lá vai, mas nada como cuidar do sentimento que os românicos designam como 'amor'. É que obstruído o canal nasal, transforma-se aquele em 'abor', para portugueses ou espanhóis; 'abour' para os gauleses; 'abore', para os italianos.
      
      Estivesse eu a precisar de Nasex e teria de escrever, à maneira de falante constipado, "Ai, beu Deus! Dão dá bais. Vou ali sdifar e vego já!". 

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