À falta de melhor na realidade, valem alguns heróis da banda desenhada.
O discurso político dos últimos tempos está marcado por raciocínios autistas, jogos de palavras baseados em nuances semânticas ocas e balofas, caras cínicas e mascaradas de um carnaval sem festa.
Neste estado de coisas, acompanhados de uma resignação incompreensível face à mediocridade dos que nos governam e/ou dos que os acolitam, parece que só vale a pena acreditar nos heróis da banda desenhada (já que os da vida real parecem também ter emigrado).
Com isto digo que há perguntas que não têm resposta explícita - são as chamadas interrogações retóricas. Outras são feitas para serem respondidas. Outras ainda merecem que se passe das palavras aos atos.
É por isto que eu gosto de alguns heróis da BD: têm as ações e as palavras certas destinadas àqueles que, em tempos de miséria, sobrevivem à custa de palmadinhas nas costas e à feira de vaidades que montam à sua volta; de coberturas mediáticas desproporcionadas relativamente ao proveito e interesse informativos de relevo nacional; de discursos jocosos e em tudo menos sérios (porque irrelevantes, despropositados e a tocar a referência pimba que lhes alimenta a falta de sentido) para o bem comum da maioria.
Fraco o país que se deixa levar pelos construtores da desgraça social, pelos destruidores da maioria de um povo que se arrasta e se alimenta cada vez mais da resignação e da vergonha que a minoria não tem.
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