sábado, 7 de janeiro de 2017

Pela democracia por que se bateu

      Em vida de democracia chega a notícia da morte (já) esperada.

Retrato oficial de Mário Soares (pintado por Júlio Pomar) 
no Museu da Presidência da República
       Faleceu Mário Soares.
   Importante que foi, suscitou adesões e contestações públicas, como todos os grandes que não foram conformistas e que se bateram por aquilo em que acreditavam.
     Estadista (que não quis ser e no que disse não se rever) com lugar na história política portuguesa, manteve-se fiel a uma ideologia independentemente de esta, em vários momentos, ter sido mais ou menos consensual. Na governação e na presidência da república portuguesa, esteve nos momentos mais relevantes do país nos últimos cinquenta anos, sem ter deixado de, anteriormente, intervir ativa e resistentemente contra uma ditadura que o levou à prisão e ao exílio antes de 1974; sem ter desistido de imprimir um cunho libertador de totalitarismos na jovem democracia, desde então.
     O seu protagonismo (que recusou, por princípio) está indissociavelmente ligado ao combate vitorioso da democracia e da liberdade - facto que o coloca, no final dos seus 92 anos, no lado devido da História e numa posição de referência nacional e internacional reconhecidas, pelo socialismo que defendeu e ajudou a fundar em Portugal; pela sociedade democrática e pluripartidária que representou; pela integração europeia plena a que destinou o país.
     O socialista, republicano e laico que assumiu ser submeteu-se ao plebiscito popular, algumas vezes ganhando outras perdendo. Reconheceu que "Só é vencido quem deixa de lutar". Disto não pode, por certo, ser acusado. Por isto ficará na História; do mais, muitas outras histórias se contam e contarão, que não apagam o que foi o seu papel e a sua visão para o país.
   
     Herdeiros que somos do regime por que lutou, resta agradecê-lo a uma das figuras maiores, se não tiver sido a maior de todas na democracia portuguesa.

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