quarta-feira, 12 de outubro de 2022

Esperteza... nem saloia nem sintática

       Se a necessidade faz os homens espertos, o desconhecimento torna-os ineptos.

    Digamos que o sentido proverbial da primeira parte (subordinada) do pensamento anterior sai combinado, no fim, com o valor intencional crítico da sequência principal (subordinante). 
     Subordinado ao pagamento das compras feitas, impôs-se o registo fotográfico perante a leitura do inadmissível. Entre tanto sítio nas frases onde possa aparecer uma vírgula, há quem insista em colocá-la onde não deve: entre o sujeito da frase e o predicado. 
       Eis a prova do desconhecimento e da inépcia:

Publicidade enganosa? No mínimo, errada na escrita da pontuação (Foto VO)

         Só quem ainda é herdeiro de métodos errados no ensino da pontuação (os que generalizadamente dizem, por exemplo, que a vírgula marca uma pausa) é causador deste erro. 
      Além de uma representação fonética e/com algumas implicações semânticas, a verdade é que a pontuação é eminentemente uma representação gráfica da linearização de enunciados, ou seja, da natureza sintática que os carateriza. As vírgulas, nesta medida, marcam a presença de vocativos (chamamentos), de enumerações, de anteposições de elementos na ordem sintática, de modificadores não restritivos / explicativos / apositivos (com ou sem encaixe nas frases). Não podem é nunca separar sujeitos de predicados nem os verbos dos elementos que contribuem para a sua complementação (sejam complementos sejam predicativos).
      "Quem compra no sítio certo" é o sujeito (oracional, frásico) do predicado "parece logo mais esperto". Uma vírgula não pode separar estas duas sequências. Duas até poderiam, com a introdução de um encaixe (cf. "Quem compra no sítio certo, sem sombra de dúvida, parece logo mais esperto).

     Podendo eu estar no sítio certo, a verdade é que quem publicita tem, no mínimo, esperteza duvidosa.

2 comentários:

  1. Afinal não sou só eu!🤦🏽‍♀️

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    1. Pois... o problema é mesmo haver muita gente a cometer o mesmo erro. As vírgulas até podem ser uma dor de cabeça para muitos, mas o facto é que, se já não errassem nos dois casos em que elas não podem ser utilizadas, seria muito bom.
      Virgular, sim, mas sem errar.

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