Porque, além da epistolografia e da narrativa, também em poesia escrevia.
No tempo em que andava pela aventura da autoria de manuais escolares, considerava-a, enquanto escritora viva, entre os poetas contemporâneos a ler por alunos(as) do ensino secundário:
Só de amor (1999) - assim se intitulava uma obra no fim do século XX (Foto VO)
Com a notícia da morte de um percurso de vida inspirador (1937-2025) de uma das responsáveis pelas Novas Cartas Portuguesas (1972), diz-se que se perdeu uma das maiores da literatura portuguesa atual. Sim, é. Continuará a ser, pelo exemplo feminino que foi; pela obra que nos lega; pelo reconhecimento que poderá ser maior (assim a queiram dar a conhecer, a ler):
Um exemplo poético a "rasgar" perceções
Mulher de liberdade, de amor, de invenção, de contestação e luta contra despotismos de qualquer natureza. Uma das três Marias, uma Minha Senhora de Mim (para citar um dos seus títulos de 1971) ou um' A Desobediente (como a sua biógrafa Patrícia Reis a apelidou) a marcar a sociedade e o pensamento de um tempo à espera da (r)evolução, na esperança dos olhos verdes com que nos viu.
haverá memória
- sei -
só os poemas darão conta
da minha avidez
da minha passagem
Da minha limpidez
sem vassalagem
- sei -
só os poemas darão conta
da minha avidez
da minha passagem
Da minha limpidez
sem vassalagem
Bem podiam ser as palavras de um epitáfio para uma irreverente que encontrou na poesia a voz da (r)evolução. RIP.
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