quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Complemento quê?... Não complemento, ponto!

     Regressados às funções sintácticas, entre exclusões e algumas indecisões, próprias de algumas reflexões.

     Q: Em "Ele regressou cansado" como classificamos "cansado"? Não pode ser predicativo do sujeito. É complemento quê? Parece adverbial, mas cansado é um adjectivo...

       R: Trata-se de uma frase cuja constituição sintáctica não anda longe de outros casos já tratados.
     Apesar de 'cansado' ser formalmente um adjectivo, recategoriza-se como advérbio (regressar de um determinado modo > cansado). Daí a reflexão orientada para a natureza adverbial do adjectivo.
     Em termos sintácticos, não se trata de complemento nenhum. O verbo 'regressar' tem como estrutura argumental a seguinte: X regressa de Y (sendo 'X' sujeito; 'de Y', o complemento oblíquo seleccionado pelo verbo) ou mesmo X regressa a Y (com a representação das mesmas funções sintáticas). Ora, 'cansado' configura o modo como alguém regressou ou chegou. Não se tratando de um elemento sintáctico seleccionado pelo núcleo verbal, desempenha a função sintáctica de modificador.

     Mais um caso para considerar como a relação, a interface sintaxe-semântica acaba por ser uma estratégia interessante a aplicar no conhecimento explícito da língua (entre o que a lógica argumental do verbo implica e a forma como ela é expressa). Daí muito do interesse na aplicação didáctica da gramática de valências.

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