terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Dúvida "encarnada"; logo eu, que gosto de "azul".

    Reconduzo comentário formulado a propósito da abordagem da parassíntese.

   Q: Quanto à palavra "encarnado", gostaria de saber o processo de formação dela. Estou na dúvida, porque não tenho certeza se "-ado", nesta palavra, é sufixo ou desinência verbal do particípio. Enfim, gostaria de entender bem isso.

   R: A palavra 'encarnado' encontra-se dicionarizada com proveniência do latim, sob a forma 'incarnātu-' (com o significado de 'cor de carne'). Neste sentido, trata-se de uma palavra-base, por natureza. Na lógica de muitos outros termos que não apresentam indicadores afixais - prefixais ou sufixais - de derivação (como é o caso de 'beleza', termo originado a partir do latino 'bellitĭa-', do provençal ou do italiano 'bellezza'), estamos perante um caso em que se revelam apenas processos (diacrónicos) de evolução fonética entre o termo de partida ('incarnātu-') e o termo de chegada ('encarnado').
    Por outro lado, a consciência linguística sincrónica desta palavra encontra-se de tal ordem afastada do significado etimológico que não é comum processar-se o vocábulo em questão como partindo de 'carne'.

    Mais um caso a evidenciar a importância da consulta de um dicionário de/com informação etimológica, antes de se reflectir ou segmentar, em termos morfológicos, os eventuais constituintes de uma palavra.

2 comentários:

  1. Não se diz palavra base, mas sim palavra primitiva...

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  2. Caríssimo(a) leitor(a),

    A propósito do comentário, trato de reconduzir a resposta para um novo post (dado o interesse geral em termos terminológicos).
    Obrigado pela observação.

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