sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Caminho, caminhar, caminhando

    Dia após dia, o tempo vai somando e passando.

    Não há tempo para nada e nem sei se o quero. Por isso, iludo-me no caminhar.

Caminho...
num passeio de pensamentos
e na companhia da solidão.

Ouço...
o rumor do mar,
o espraiar das ondas na areia,
recuando após tanta conquista.

Sob um teto de escuridão,
há focos de luz desvelando sombras,
pessoas andando a passo largo no caminho.

Vou de encontro a elas,
sombra sem orientação,
cansando-me num percurso
e tendo ninguém a quem dar a mão.

Sou direita sem esquerda
ou esquerda sem direito a par.
Sou um só, finito,
sem vontade de contar...
Nem números, nem passos, nem história.
Um ser a não querer ser.

Caminho...
num passeio de pensamentos
de mão dada, mas com a solidão.

     Apanho com a nevoaça do mar na cara sem acompanhar ninguém.

     Um chuvisco que não vem do céu distrai-me do meu pesado pensar.

2 comentários:

  1. Olá, Vítor

    Entrei agora na Carruagem 23 e vi o poema "Caminho, caminhar, caminhando" com uma bela fotografia.

    Mas achei que o sujeito poético estava triste. Prefiro pensar que era apenas o sujeito poético!

    Continua a caminhar junto ao mar e que nele brilhe beleza e harmonia.

    Feliz Ano Novo

    Um abraço

    ResponderEliminar
  2. Olá, Dolores.

    São clássicas as discussões quanto à relação do sujeito poético com o autor. Entre aproximações e afastamentos, há um vai-e-vem(ou vaivém) cujas fronteiras ficam muitas vezes na indefinição, numa terra de ninguém (ou, como dizem os ingleses, numa "no man's land").
    Às vezes, sinto-me 'no man', 'no land'. Beleza só a do mar; harmonia... talvez... um dia!
    Bom ano, com tudo o que de bom ele te possa trazer.
    Obrigado pelo cuidado e pela atenção.
    Beijinho.

    ResponderEliminar