domingo, 26 de agosto de 2012

Areia feita mar

      Na partilha de mais uma foto, faltava o texto feito letra.

      Pelo que me era dado a observar, o olhar do geólogo captava, no areal, um ondeado trazido pelo vento, com motivo assumido para uma instrutiva aula acerca das nortadas.
      Na minha mira, estava algo mais do que a geologia deixava ver.
      
Foto de Nuno Miguel Pires Correia
                              
        Surgiram, então, os versos:

                              AREAL AO NORTE

                              As ondas deixaram de ser líquidas,
                              perderam também a cor do céu;
                              na aragem e pelo vento varridas,
                             têm nos grãos sinais de escarcéu.


         Imagem e texto, figura e legenda...
     
    Foi mais uma tentativa para que geologia rimasse com poesia, na ampulheta desta vida cronometrada por grãos de areia moldados por vento e mar.


2 comentários:

  1. E diz ele que é mais arrumador que poeta!
    E faz uma quadra que não precisaria da imagem para nada, porque ela "mostra" tudo. Até é recuperado o significado primeiro de "escarcéu", sem negligenciar todos os outros, até porque a palavra "vento" também é sinestesia...
    E ainda bem que são só sinais, o que significa que a tempestade já passou.
    Temos poeta!

    bjinho e continuação de boas férias (quase no fim)
    IA

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  2. Tem que haver sempre um ou mais motivos para a escrita: as imagens-fotos ou as imagens da vida, que se juntam às representações que delas fazemos.
    Não me vejo como poeta nem pouco mais ou menos. Aproveitando o resto da tua mensagem, que agradeço, poderei quando muito ser arrumador de palavras num (pequeno) texto em verso.
    Na fotografia a tempestade já passou, é certo. Fosse assim na e com a vida.
    Bj.

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