quinta-feira, 18 de abril de 2013

Coexistência de variações gráficas

     Na escola, hoje a discussão era sobre o teste intermédio de Filosofia.

    Entre alguma polémica centrada na formulação de instruções / construção de itens (o que vejo com alguma ironia, dias depois de se ter concluído um conjunto de horas de formação a tal destinado, promovido pela estrutura que hoje publicitou um teste por si mesma construído), alguém me perguntava se era possível escrever "reincarnação" com o assinalado 'i'.
    Parecia que o objetivo era formular um pedido de esclarecimentos à estrutura ministerial em causa,  pondo em questão um aspeto de natureza ortográfica, entre outros dados a apontar como questionáveis.
      Reconheci alguma estranheza face à escrita comum de "reencarnação"; todavia, alguma precaução me fez adiantar que uma possibilidade etimológica traria algum sentido para tal cenário. Pairava na minha cabeça qualquer coisa como "incarnāre" (tornar carne) na origem de "encarnar" (e, pelos vistos, também de "incarnar").
      Só uma consulta de dicionário (com esse tipo de informação) poderia sustentar uma resposta válida.
     Pela consulta do Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea (da Academia das Ciências de Lisboa), bem como do Dicionário Houaïss da Língua Portuguesa, as entradas de "encarnar" e "incarnar" são tomadas como sinónimas e remetem para a origem etimológica já referida. O mesmo pode ser encontrado na entrada nominal "encarnação" / "incarnação", com a proveniência latina "incarnatĭo". A partir desta base derivante pode chegar-se à forma derivada "reencarnação / reincarnação", pelo acréscimo do prefixo 're-'. Confirma-se, pois, a coexistência de uma variante gráfica com 'i', etimologicamente motivada, para reencarnação.
      Por aqui, em termos linguísticos não há problema a considerar. Pelas competências e pelos conteúdos filosóficos associados já, por certo, não me pronuncio, deixando o assunto para quem de direito.

     Perante um teste centralmente formulado, e depois de uma formação que me levou a criticamente assumir o desajustamento do que (me) era pedido, vê-se a estrutura ministerial (proponente da formação) a avançar com exemplos que docentes da disciplina em causa tomam como críticos ou com fragilidades escusadas. Caso para perguntar se tal estrutura não se põe a jeito, a ponto de não ser capaz de testemunhar aquilo em que pretende formar.

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