Isto de o 13 de maio ser a uma sexta-feira resulta estranho, no mínimo.
Quando se celebra a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, em 1917, sobre uma azinheira da Cova da Iria, aos pastorinhos (Lúcia dos Santos, Francisco e Jacinta Marto), tudo inspira uma questão de religiosa e respeitosa fé... exceto o facto de, neste ano, o dia coincidir com uma sexta-feira 13.
Em tempos de tão propagado "milagre do sol" (há fiéis que, há cerca de uma semana, afirmam e descrevem um clarão mais intenso do que o sol, a piscar e girar velozmente, no momento em que a Imagem Peregrina da santa deixa a igreja matriz de Ourém), esta sexta-feira 13 até parece profanação: é a história do milagre português a par de um episódio da Igreja com um Papa e um rei francês (Clemente V e Filipe IV, respetivamente) envolvidos numa maquiavelice e num pacto de contornos muito suspeitos - tanto para eles como para uma ordem religiosa (Templários) que parece ter usado e abusado do poder recebido; é juntar uma santa à bruxaria de Friga (conforme o cristianismo a ditou).
Estas coincidências parecem sacrílegas. No meio de tanta alvura e intensidade de luz sagrada, o dia também se cumpre com o que de mais pagão e gentio tem a lembrar - como se entre Deus e o Diabo houvesse interseções que escapam à perceção humana, mais preocupada em ver gatos pretos heréticos (tal como Inocêncio VIII, no século XV, os fez constar nas listas do Index inquisitorial) do que felinos de espírito amigável, sociável e identificáveis numa extensão do próprio Homem.
No discorrer destes pensamentos, outros dois se cruzam:
- o do autor de Memorial do Convento (1982), entre muitos outros romances;
- o de uma personagem do mesmo romance, que falou, por certo, como o narrador-autor quis.
Sábios pensamentos estes, nomeadamente o de Deus que nos visita pelas ações que possamos fazer "cá" - mais do que estarmos preocupados em o ver "lá", nesse campo desconhecido, sem que o melhor seja feito naquele (em) que todos (vi)vemos.
Fica a hipótese de, para algum azar, hoje poder haver um milagre, como se destas dimensões tão antagonicamente encaradas não resultasse uma complementaridade tão comum quanto a morte e a vida, a tragédia e a comédia, o mal e o bem, o preto e o branco, perder e ganhar.
Estas coincidências parecem sacrílegas. No meio de tanta alvura e intensidade de luz sagrada, o dia também se cumpre com o que de mais pagão e gentio tem a lembrar - como se entre Deus e o Diabo houvesse interseções que escapam à perceção humana, mais preocupada em ver gatos pretos heréticos (tal como Inocêncio VIII, no século XV, os fez constar nas listas do Index inquisitorial) do que felinos de espírito amigável, sociável e identificáveis numa extensão do próprio Homem.
No discorrer destes pensamentos, outros dois se cruzam:
- o do autor de Memorial do Convento (1982), entre muitos outros romances;
- o de uma personagem do mesmo romance, que falou, por certo, como o narrador-autor quis.
Sábios pensamentos estes, nomeadamente o de Deus que nos visita pelas ações que possamos fazer "cá" - mais do que estarmos preocupados em o ver "lá", nesse campo desconhecido, sem que o melhor seja feito naquele (em) que todos (vi)vemos.
Fica a hipótese de, para algum azar, hoje poder haver um milagre, como se destas dimensões tão antagonicamente encaradas não resultasse uma complementaridade tão comum quanto a morte e a vida, a tragédia e a comédia, o mal e o bem, o preto e o branco, perder e ganhar.
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