Acho que já escrevi isto várias vezes: qualquer semelhança com a realidade não é pura coincidência.
É verdade que a ficção ultrapassa a própria realidade. O problema maior é quando ela nos faz lembrar esta última, não nos libertando do que de mais real existe.
Transcrevo o texto, tal como me apareceu, sem tirar nem pôr, como diz o povo, sempre que quer atestar a validade ou verdade dos factos. Estar escrito em português do Brasil só dá para concluir que há muitos mais a sentir o mesmo, e noutro continente. Nisso, nem o oceano nem a língua nos separam.
"Todos os dias, uma formiga chegava cedinho ao escritório e pegava duro no trabalho. A formiga era produtiva e feliz.
O gerente marimbondo estranhou a formiga trabalhar sem supervisão. Se ela era produtiva sem supervisão, seria ainda mais se fosse supervisionada. E colocou uma barata, que preparava belíssimos relatórios e tinha muita experiência, como supervisora.
A primeira preocupação da barata foi a de padronizar o horário de entrada e saída da formiga. Logo, a barata precisou de uma secretária para ajudar a preparar os relatórios e contratou também uma aranha para organizar os arquivos e controlar as ligações telefônicas.
O marimbondo ficou encantado com os relatórios da barata e pediu também gráficos com indicadores e análise das tendências que eram mostradas em reuniões. A barata, então, contratou uma mosca, e comprou um computador com impressora colorida. Logo, a formiga produtiva e feliz, começou a se lamentar de toda aquela movimentação de papéis e reuniões!
O marimbondo concluiu que era o momento de criar a função de gestor para a área onde a formiga produtiva e feliz, trabalhava. O cargo foi dado a uma cigarra, que mandou colocar carpete no seu escritório e comprar uma cadeira especial... A nova gestora cigarra logo precisou de um computador e de uma assistente a pulga (sua assistente na empresa anterior) para ajudá-la a preparar um plano estratégico de melhorias e um controle do orçamento para a área onde trabalhava a formiga, que já não cantarolava mais e cada dia se tornava mais chateada.
A cigarra, então, convenceu o gerente marimbondo, que era preciso fazer uma pesquisa de clima. Mas, o marimbondo, ao rever as finanças, se deu conta de que a unidade na qual a formiga trabalhava já não rendia como antes e contratou a coruja, uma prestigiada consultora, muito famosa, para que fizesse um diagnóstico da situação. A coruja permaneceu três meses nos escritórios e emitiu um volumoso relatório, com vários volumes que concluía: Há muita gente nesta empresa!
E adivinha quem o marimbondo mandou demitir?
A formiga, claro, porque ela andava muito desmotivada e aborrecida."
De autor desconhecido, esta parábola (ironicamente intitulada da demissão da formiga desmotivada) tem muito que se lhe diga nestes tempos de multiplicação de tarefas, sobrecarga de trabalhos, retórica de dispositivos e procedimentos que em nada promovem a pretensa eficiência (e muito menos a eficácia) das organizações. Na ânsia de tudo se fazer, tudo acontece e pouco ou nada se muda. Uma coisa é estar ocupado; outra, ser produtivo.
Quando o propósito é mostrar que se faz, sem se agir com vista a um foco ou à abordagem de uma questão crítica específica, é natural que a desmotivação e o desinteresse surjam e o sentido das coisas se perca.
Estou como a formiga, a desejar ser maribondo (vespa) ou cigarra. Isto deve ser porque amanhã é segunda-feira!
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