A data é palíndroma: 22-20-2022.
Do grego 'palíndromos', diz-se que é aquilo que corre em sentido inverso. Num processo de leitura, diz-se que se trata da palavra, do grupo de palavras, do verso ou número que se lê da mesma maneira da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda (ex.: 'sopapos' é um palíndromo, tal como a expressão 'amor a roma').
Imagem mais quiasmática, mas com alguma coisa palíndroma
Há exemplos para todos os gostos e alguns bem mais extensos, nomeada-mente no registo do português do Bra-sil: 'Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos!'.
Desconsiderados, na escrita, os espa-ços, sinais de pon-tuação ou de acen-tuação, bem como outros de natureza gráfica, há palíndromos tematicamente muito variados: os de teor mais desportivo ('Anotaram a data da maratona'), os comestíveis e alimentícios ('ovo'), os culinários ('Eva, asse essa ave!'), os zoológicos ('arara'), os da escrita ('ata', 'Rota de redator'), os mais relacionais social e afetivamente ('ama', 'aia'), os espaciais ('salas', 'A rua Laura', 'A sacada da casa'), os auditivos e universais ('Som, só com o cosmos!'), os temporais ('Adias a data da saída', 'Após a sopa'), os de indumentária ('saias'), os vazios ('oco'), os onomásticos ('Ana'), os pronominais ('ele', 'esse'), os apelativos ('Ajudem Edu já!), os poéticos ('Ame o poema'), os dramáticos ('Amar dá drama'), os mamíferos ('mamam'), os ossados ('osso'), os agressivos ('socos', 'Ódio do doido'), os estéticos ('Ser belo: lebres'), os aniquiladores ('matam'), os cómicos ('rir', 'Irene ri'), os libertos ('Livre do poder vil'), os tirânicos ('Ana Rita, a tirana'), os abandonados ('sós'), os ilegais ('A Daniela ama a lei? Nada!'), os dependentes ('A gorda ama a droga'), os dermatológicos ('Ele padece da pele'), os vencidos ('A torre da derrota'), os educativos ('Aula é a lua'), os internacionais ('o céu sueco', 'dogma I am god'), os profissionais ('O Cid é médico'), os mais ginastas ('Roda esse corpo, processe a dor!'), os míticos ('O mito é ótimo'), os que voam ('asa') e até os que voltam a ler ('reler') e a viver ('reviver').
Sator arepo tenet opera rotas é apontado como o palíndromo conhecido mais antigo, redigido em latim ('lavrador diligente conhece a rota do arado') - um enunciado a traduzir uma sabedoria de vida (de quem e para quem lavra, e não só).
Se aos números palíndromos se atribui popularmente a designação de 'capicua' (do catalão 'cap' <cabeça> e 'cua' <cauda>), hoje estamos numa delas. Tudo uma questão de combinação, do verso e seu inverso. E já, agora, registe-se que não deixamos de ter um ambigrama (com os números a refletirem o seu contrário na leitura vertical ou, como se costuma dizer, 'de pernas para o ar').
Que panóplia de palíndromos. Há-os para todos os gostos. Obrigada pela exploração detalhada do termo.
ResponderEliminarBom dia.
Mesmo, bea! E são apenas alguns, entre alguns outros mais (ainda que estes últimos me pareçam jogos incompreensíveis e incoerentes de letras / palavras). Fiquei-me pelos que me parecem decifráveis no sentido.
ResponderEliminarBom dia e obrigado pela mensagem.
Bom dia, Vítor!
ResponderEliminarTambém eu ia ficando 'de pernas para o ar' (embora fosse difícil!) com o teu post de hoje. Obrigada. Desconhecia a palavra. E fica-se a conhecer mais, o que é muito bom. Também a imagem que escolheste espelha bem o assunto.
Um abraço e um dia bom, com ou sem capicuas.
Olá, Dolores!
ResponderEliminarObrigado por continuares a "viajar" na carruagem.
Beijinho.