segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Falha nas previsões

     Futebol e política à parte,...

     Lá vem o desconhecimento do Acordo Ortográfico (AO), a vigorar desde 2009.
     O acento circunflexo aparecia na grafia do plural com duplo 'e', no acordo de 1945; após 2009, lê-se o seguinte na Base IX, intitulada "Da Acentuação Gráfica das Palavras Paroxítonas", no seu ponto 5:

     «c) As formas verbais têm e vêm, 3.ª­s pessoas do plural do presente do indicativo de ter e vir, que são foneticamente paroxítonas (respetivamente /tãjãj/, /vãjãj/ ou /têêj/, /vêêj/ ou ainda /têjêj/, /vêjêj/; cf. as antigas grafias preteridas, têem, vêem), a fim de se distinguirem de tem e vem, 3ªs pessoas do singular do presente do indicativo ou 2ªs pessoas do singular do imperativo; e também as correspondentes formas compostas, tais como: abstêm (cf. abstém), advêm (cf. advém), contêm (cf. contém), convêm (cf. convém), desconvêm (cf. desconvém), detêm (cf. detem), entretêm (cf. entretém), intervêm (cf. intervém), mantêm (cf. mantém), obtêm (cf. obtém), provêm (cf. provém), sobrevêm (cf. sobrevém).

          Obs.: Também neste caso são preteridas as antigas grafias detêem, intervêem, mantêem, provêem, etc.»

        Sendo "preteridas", diria que não são as preferidas. Ou seja, a distinção gráfica vem / vêm motiva a manutenção da acentuação com o circunflexo; o mesmo não se justifica em vê / veem (ou prevê / preveem e afins), dado que a dupla grafia de 'e', no plural, já constitui distintividade suficiente quanto à pessoa e número nas respetivas formas verbais.
        Portanto, o que se lê na legenda da SIC Notícias não acompanha a orientação que o AO prevê ou que as orientações preveem que se faça:

Um acento a mais a falhar na previsão (Foto VO)

        Corrija-se, portanto, a legenda e leia-se a forma "preveem" (sem confusão com qualquer outra), para que a previsão resulte mais correta.
       
          ... é necessário maior acordo com o... ACORDO!

2 comentários:

  1. Talvez fosse melhor discordar abertamente.

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    1. Nalguns aspetos até concordo; noutros, tenho muitas dúvidas, por já antes do AO haver complicações ortográficas bem mais complexas, face a uma consciência etimológica que o falante comum há muito deixou de ter.
      O certo é que, após 13 anos de implementação, seria de avaliar os casos críticos que o presente AO tem e afinar o que necessita de maior explicitação / fundamento, sem entrar com argumentos que, na altura e ainda hoje, se revela(ra)m inconsistentes.

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