Voltando ao governo do verbo e dos seus governados.
As dúvidas persistem, relativamente ao que é modificador ou complemento em determinadas frases.
Q: Na frase "Os alunos chegaram tarde às aulas", 'tarde' e 'às aulas' são ambos modificadores ou complementos?
R: Nem uma nem outra hipótese ou, então, uma mistura de ambas. Ou seja, há um modificador e um complemento.
R: Nem uma nem outra hipótese ou, então, uma mistura de ambas. Ou seja, há um modificador e um complemento.
O ponto de partida é o da consideração da estrutura argumental do verbo 'chegar'. Em termos lógicos, este é um verbo bivalente: selecciona um argumento na posição de sujeito sintáctico, mais outro na de complemento (Alguém / Algo [X] CHEGA a algum sítio [Y]). Independentemente da realização frásica os contemplar ou não, esta é a valência básica seleccionada, a qual satura a dimensão lógico-semântica do verbo em questão, com os papéis semânticos implicados (o agente, por um lado; o alvo ou ponto de destino, por outro).
Assim, [Y] é configurado por um constituinte na forma de grupo preposicional, com a função de complemento oblíquo (conforme o atestam a interrogação: 'Aonde chegam os alunos? > Às aulas; a pronominalização ou anaforização: 'Os alunos chegam lá / aí' > Às aulas).
Assim, [Y] é configurado por um constituinte na forma de grupo preposicional, com a função de complemento oblíquo (conforme o atestam a interrogação: 'Aonde chegam os alunos? > Às aulas; a pronominalização ou anaforização: 'Os alunos chegam lá / aí' > Às aulas).
Quanto a 'tarde', trata-se do advérbio que modifica o verbo 'chegar', na função de modificador do predicado. Prova-o não só o facto de não figurar na estrutura argumental mas também o de admitir o teste do pró-verbo 'fazer' (Os alunos chegaram às aulas e fizeram-no tarde).
E para alguém governar, têm os outros que se deixar subordinar, mesmo que não participem activamente na cena representada. Não é política aquilo de que falo, mas bem que podia ser, no jogo de dependências criado, no teatro composto por protagonistas, actores secundários e meros figurantes.
E para alguém governar, têm os outros que se deixar subordinar, mesmo que não participem activamente na cena representada. Não é política aquilo de que falo, mas bem que podia ser, no jogo de dependências criado, no teatro composto por protagonistas, actores secundários e meros figurantes.
Óptimas respostas! Só não aproveita quem anda distraído...
ResponderEliminarObrigado!
Já agora: na frase 'O Pedro está em casa doente', «em casa» e «doente» não podem ser os dois predicativos de sujeito, um deve ser modificador de predicado. Como se distinguem?
Obrigado.
Agradeço a atenção e o elogio.
ResponderEliminarTrato de responder à questão numa nova entrada, dado o interesse que levanta.
Até breve.