sexta-feira, 17 de outubro de 2014

És mulher...

     O dia foi intenso, na alegria que se cruza com a dor.

    É difícil aceitar o que a injustiça impõe. Mais uma razão para viver com a vontade de imaginar, ultrapassando os limites que nos prendem à condição de sofrer.


ÉS MULHER...

Disseram que não eras mais bebé,
com o amor de quem te vê mulher...
Tudo mudou. Ficou a mesma fé,
devoção de um grato pai que te quer

presente; de dois irmãos que te mimam;
de uma mãe que, chorando, te tem viva.
Estiveram os amigos que te estimam,
os familiares que te querem... Diga

o tempo o que disser, "Já és mulher!"
Estejas como estiveres, onde puder
ser, haverá anos a celebrar:

'Parabéns a você' há de soar,
contido - mas sentido -, por haver
mágoa pelo que te fizeram perder.


    Pessoa escreveu "quem dera / Volver a sê-lo!", pensando no que pudera ter sido. Noutros casos, diria que era bom volver ao que (já) se foi. Na impossibilidade, que se seja! Além de tudo, há sempre os que se acham de si partidos e que podem (re)descobrir a existência dos que são ou estão pelo que muitos querem. 

     Eis a prova da esperança do querer, misturado com a força do crer.

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