A questão é levantada por um colega interessado em distinguir formas finitas de não finitas.
Tudo por causa de formas verbais e sua implicação nas orações.
Q: Não consigo perceber por que razão o infinitivo é uma forma não finita. Consigo conjugá-lo. O gerúndio tem mais razão de ser para uma forma não finita. Se puderes, esclarece-me. Obrigado.
R: Ainda que, classicamente e na gramática tradicional, o infinitivo (a par do gerúndio e do particípio passado) seja considerado uma forma verbal sem conjugação, efetivamente há um infinitivo flexionado em termos da categoria pessoa (infinitivo pessoal - ex.: 'para eu fazer > tu fazeres > ele fazer > nós fazermos > vós fazerdes > eles fazerem). Esta flexão não se compagina, contudo, com a possibilidade de a forma verbal infinitiva ser exclusiva numa frase simples nem se projetar numa conjugação em termos de tempo (contrariamente às formas finitas do indicativo, conjuntivo, condicional, imperativo).
R: Ainda que, classicamente e na gramática tradicional, o infinitivo (a par do gerúndio e do particípio passado) seja considerado uma forma verbal sem conjugação, efetivamente há um infinitivo flexionado em termos da categoria pessoa (infinitivo pessoal - ex.: 'para eu fazer > tu fazeres > ele fazer > nós fazermos > vós fazerdes > eles fazerem). Esta flexão não se compagina, contudo, com a possibilidade de a forma verbal infinitiva ser exclusiva numa frase simples nem se projetar numa conjugação em termos de tempo (contrariamente às formas finitas do indicativo, conjuntivo, condicional, imperativo).
Em termos de realização padronizada da língua, é verdade que o gerúndio é mais limitativo neste aspeto (e, por isso, a maior aceitação enquanto forma não finita). Contudo, também já se encontram estudadas algumas realizações de conjugação pessoal do gerúndio em variedades do português do Brasil e mesmo do europeu (no sul de Portugal). É o caso de enunciados como “Em querendos isso, trabalha” ou “Em comendem a sopa, podes pensar na sobremesa”, com uma espécie de flexão evidenciada na segunda pessoa do singular e na terceira do plural, numa aproximação a expressões gerundivas como "Em acabando o dinheiro, não se compra mais nada" (sinónima de "Quando acabar o dinheiro, não se compra mais nada") adaptadas à pessoa em causa ("Em tendos dinheiro..." ou "Quando tiveres…"; "Em tendem dinheiro..." ou "Quando tiverem...").
Não sendo uma construção da norma padrão, estas realizações estão aí tanto na boca do falante comum quanto na de utilizadores instruídos e cultos, nem que seja numa adequação ou adaptação ao discurso de pares convivas, no dia-a-dia. Ainda assim, a projeção da flexão fica-se pela pessoa; não pelo tempo. Daí o gerúndio ser uma forma não finita.
Não sendo uma construção da norma padrão, estas realizações estão aí tanto na boca do falante comum quanto na de utilizadores instruídos e cultos, nem que seja numa adequação ou adaptação ao discurso de pares convivas, no dia-a-dia. Ainda assim, a projeção da flexão fica-se pela pessoa; não pelo tempo. Daí o gerúndio ser uma forma não finita.
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