(Ou quando essa estrela de luz e calor se foi...)
O registo fotográfico de um novo final de dia impõe-se, não tanto pelas cores, mas antes pela sugestão do que é dado a ver no firmamento:
Foto de um final de tarde brumoso (Foto VO)
De novo junto à Granja, parecia erguer-se da espuma das ondas ou do sulcado mar um esguicho de nuvens, projetado e espalhado num céu que ia perdendo o azul e o brilho da tarde. Borrifada a pele de neblina, como se desse repuxo de sombra cinza tivesse vindo, a friagem pedia agasalho. As pinceladas de calor eram poucas, sem força, ténues. Abrumou-se o tempo, o espaço, o ser.
Nem o iodado e sorvido ar curam a perda de um instante que foi apaziguador. Não há sal que, por comparação, tempere o que está para vir.
Qual relógio de areia ou clepsidra que vê a água escoar-se, não há retorno desse instante vivido. Por mais que se torne ou faça parte de novo ciclo, não será jamais o mesmo. Será sempre outro, irrepetível.
Diz o filósofo Heráclito que o Homem não se banha duas vezes na mesma água do rio. Por maior que seja o oceano, também este não limpa as pegadas de um areal que não chegou a ser pisado.
Findo o domingo, volta a semana contada nos dedos de uma mão aberta às muitas que a procuram.
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