sábado, 19 de outubro de 2019

O Fantasma da Ópera em Concerto

       Coliseu do Porto recebe o musical que há cerca de trinta e três anos estreava em Londres.

      Um dos maiores clássicos do teatro musical esteve no Porto, numa das mais emblemáticas salas de espetáculo da cidade. O Fantasma da Ópera em Concerto, produzido por Armando Calado e encenado por Pedro Ribeiro, arrebatou as palmas do público, que praticamente encheu todo o espaço.


       A cada jogo de vozes e interpretação de sopranos e tenores, no melhor do musical, era inevitável o aplauso. A direção musical de António Vasalo (com a Orquestra Filarmónica das Beiras, o Coro Sinfónico do Porto e o Lisboa Cantat) foi o pano de fundo para uma encenação e representação pautadas por nomes tão sonantes quanto melodiosos (Sofia Escobar, no papel de Christine Daae; Fernando Fernandes ou FF, no de fantasma), a par de outros que se impuseram na mesma linha de qualidade dos primeiros (Bruno Almeida, também como fantasma; David Ripado e Filipe Moura, como Raoul; Lara Martins e Ana Cosme, como Carlotta).

"Think of me" - canção de 'O Fantasma da Ópera'
(interpretação de Sofia Escobar, pelo Natal de 2009, em Laúndos)

       Em dois atos compõe-se a história de um cantor e compositor que esconde a sua deformidade facial por trás de uma máscara. Escapou a uma vida presa numa jaula, como atração de circos e feiras, até ter encontrado refúgio nos subterrâneos da Opera Populaire de Paris. Aí se apaixona por Christine, uma bailarina que aspira a ser cantora. Acaba por o ser, graças à influência do seu "angel of the music" (o professor-anjo que, enquanto a jovem dorme, lhe canta canções na mente, sussurrando-lhe melodias ao longo do dia).
    A sua predileta aluna consegue os papéis principais no teatro, quando 'O Fantasma da Ópera' exige aos administradores do Opera Populaire que assim seja, sob a ameaça de ocorrerem alguns incidentes. Estes surgem sempre que o mestre é contrariado, acabando por conduzir a jovem para o lugar da solista e diva principal (Carlotta),  tornada vítima de alguns percalços. A par disso, sucede o amor de Christine e Raoul (um benfeitor do teatro), deixando o Fantasma louco de ciúmes.
     Todo o enredo começa num leilão em 1905, com a venda de objetos do Opera Populaire. Numa analepse, chega-se ao ano de 1881, a esse momento em que Carlotta ensaia a produção "Hannibal". O desfigurado génio da música conduz Christine ao papel principal, na ópera 'Il Muto'. O amor dela por Raoul é posto à prova no segundo ato, com a encenação de "Don Juan Triunfante" (ópera produzida pelo fantasma, para juntar a sua voz à da amada, ao mesmo tempo que no Opera se procura apanhar o autor das desgraças ou dos incidentes estratégicos vivenciados no teatro). Mestre e aluna confrontam-se e, perante a chantagem por ele criada para salvar Raoul, a discípula reconhece que pior do que a deformidade física é a da alma. Beijando o seu "angel", ela acaba por fugir com Raoul. 
     Dominado pela bondade e compaixão recebidas, o fantasma  deixa os amantes partirem em liberdade, desaparecendo assim que chega a multidão que vai no seu encalço.

Filme com o final musical do espetáculo (no Coliseu do Porto)

       O "anjo da música" esteve no Coliseu, sem incidentes, num espetáculo de qualidade sonora e de representação que parecia ser obra estrangeira. Não foi. Era bem portuguesa e com a qualidade que deixou o público de pé a aplaudir.

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