quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Tronco rendido

         Talvez fosse melhor invadido,... coberto que está pelas heras.

         A vida... flui como rio. Busca o mar, lá mais para ocidente. Ninguém o quer perto, pelo fim que representa. Acaba o que é doce; fica salgado, como a lágrima que sai na despedida.
         No caminho, há pontes, meandros... um tronco que resiste, sem folhas nem seiva.

Tronco rendido, em Gramido, junto ao Douro (Foto VO)

       A vida... é a hera conquistando e embelezando o tronco seco e gasto, ressequido pelo tempo. Este a faz com violeta, verde, azul. Tal como relógio de areia, cai, passa; virando, repassa... até que a hera alastra, sobe e cobre o que já foi caule, tronco de ramos floridos, vivos, lançados para o rio.
      E assim se fazem as eras... ciclos renovados com heras. Era uma vez uma árvore que, tornada tronco, se deixou abraçar pelas heras. Deram-lhe cor e abrigo. Talvez sentido, para que a morte não fosse tão árida, seca, descolorida. 

          Ciclos de vida... ainda... cobrindo a morte com o verde e um toque de cor paixão.

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