terça-feira, 8 de outubro de 2019

Uma conferência tão atual... na educação

    "Não deixar nenhuma criança para trás" (ou a ironia de um discurso que não deu em ação feliz, apesar da grandeza de princípio).

     Num artigo acerca de "Questões polémicas no debate sobre políticas educativas contemporâneas: o caso da accountability baseada em testes estandardizados e rankings escolares" (publicado na obra Do Currículo à Avaliação, da Avaliação ao Currículo, organizada por Maria Palmira Alves e Jean-Marie De Ketele, com a chancela da Porto Editora), Almerindo Janela Afonso refere o No Child Left Behind Act, do tempo de George W. Bush, salientando como os efeitos de tal normativo se revelaram indesejáveis e bastante insuficientes, ao ser aplicado sem estruturas nem procedimentos consentâneos, nomeadamente com a aplicação de testes estandardizados como forma de verificação do sucesso escolar.
     Sir Ken Robinson, conselheiro internacional de educação com mais de trinta anos de obra publicada, há cerca de seis anos participou num encontro, no qual conferenciou sobre os fatores que contribuem para a evolução e o progresso humanos. Concluiu, também, que a escola tem funcionado ao contrário do que são os conceitos-chave associados a tais fatores (diversidade, curiosidade e criatividade). Conformidade, padronização e testagem, marcando a ação educativa em termos genéricos, estão em desalinho, definitivamente, e refletem uma conceção de escola mecanicista, apriorística nos propósitos e fechada à alternativa.
   A lógica de todos a fazer o mesmo (sem diferenciações), e na cegueira completa face à potencialidade que cada um poderia trazer, é tão rotineiro quanto desmotivante, promovendo condições de insucesso e abandono:

TED 1: Sir Ken Robinson (professor de Artes da Universidade de Warwick)

TED 2-3: Sir Ken Robinson (professor de Artes da Universidade de Warwick)

     A metáfora do Vale da Morte e a exploração das sementes de possibilidade perspetivam-se, no final do excerto, como sentidos de oportunidade e desafio, com a alternativa a assumir-se como realidade visada para prática comum.

    Na ironia que a lei americana representou e que Sir Ken Robinson desconstruiu, diria que há coincidências desconcertantes e interpelantes com o contexto educativo e normativo atual português (num sentido de inclusão que o tempo dirá se não foi mais de exclusão).

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