Perguntavam há dias de onde vinha o outono.
Não se trata do 'onde' locativo, mas da origem etimológica. O latino 'autumnus, -i' dita a formação do adjetivo 'autunal', também proveniente do 'autumnalis, -e', como tudo o que é relativo ao outono.
E então: é autunal, outonal ou outoniço?
Valem os três. O primeiro mais próximo do étimo latino; o segundo com algumas evoluções fonéticas assimilativas em pontos articulatórios vocálicos [+altos]; o terceiro decorrente de um processo morfológico cuja base derivante nominal ('outono') é acrescida de um sufixo que, no português, tem a produtividade significativa de referir aquilo 'que nasce em' (outoniço < nasce no outono); aquilo que indica facilidade ou tendência para (fronteiriço < próximo ou tendente para a fronteira; esquecidiço < tendência para ser esquecido; inverniço < tendência para inverno; reboliço < facilidade para rebolar; gadiço < facilidade para ser domado como gado).
Colorido outoniço com o "intenso colorista"
Em termos de significado, o outono é polivalente: refere-se à estação do ano, à transição / transitoriedade / mudança / viagem dos ciclos, à época das colheitas, ao tempo da gratidão, ao equilíbrio e descanso terrenos, à reflexão e introspeção, à despedida, à aproximação da velhice, à decadência.
Viva-se o outono, cumpra-se o ciclo e enriqueça-se o tempo com a variedade dourada das cores outoniças.
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