Prestes a terminar um período letivo, fui honradamente condecorado com uma estrela produzida à pressa (disseram-me), mas com a qualidade distintiva e merecida de uma mais que ponderada estrela Michelin. E como não há "chef" do ano que sobreviva a tudo sozinho, tinha ao lado a "funcionária do mês", com outro exemplar tão primorosamente concebido e tão provocador da boa disposição de quem nos via com a condição, espetada ao peito, de 'garçon' e 'garçonette', em pleno exercício de serviço de cafetaria.
Claro que há que sublinhar as diferenças: eu, "do ano", ora pois então. Como alguém o apontou, e bem, tudo em conformidade com o sexismo que se impõe: o ano e a posição de 'chef' para o masculino; o mês e o estatuto de funcionária para o feminino.
Com duas estrelas na copa, muitas outras ficaram por dourar: todas aquelas que ajudam num projeto tão caro à escola - o Bar Solidário - e que alguém, certo dia, teve a ideia de partilhar e testemunhar, dando corpo ao manifesto. Hoje, com uma simples maquinazinha da Buondi, cumpre-se plenamente o pedido de cafezinho, pingo, meia de leite, descafeinado, a que acrescentamos sempre o molete, papo seco ou vulgar pão, com queijo, manteiga, fiambre e/ou marmelada, conforme as combinações desejadas (sem esquecer o requintado pãozinho de nozes que, à sexta-feira, a nossa prestimosa "funcionária do mês" nos oferta).
Todavia, além destas figuras, e desde o início, muitas outras há a merecer o estrelato, inclusivamente todas aquelas que reagiram muito galhofadamente à entrega destes 'galardões' e se assumiram logo como "gatas borralheiras". Que seria da história sem elas? Não existiria, por certo.
Há quem diga que o atendimento é 5 estrelas, de meter inveja a qualquer Clooney (que está para descobrir, saber o verdadeiro sabor do café da ESG, na sala de professores). Ainda assim, a constelação é bem mais real e visível no facto de, em cerca de três meses, todos estarmos prestes a atingir a quantia de dois mil euros, para auxiliar uma família que viu a sua estrelinha um pouco mais apagada no brilho que irradiava.
Entre os muitos que ajudam e os outros tantos que consomem, contribuem e dão razão a tudo isto, há que agradecer o gesto. É fácil ser 'Chef' e ser 'Funcionária(o)', quando há uma causa grande (a da Maria do Céu) e muitos colegas espetaculares, solidarizados no espírito e nos atos para que tudo corra pelo melhor. Além disto, dá-se sempre utilidade a um espaço morto de uma escola "nova", restaurada e disfuncional, que se vai ajustando e procurando sentidos para manter a vida e a esperança.
Na brincadeira em que tudo isto resultou, houve um dia de escola para lembrar.
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