quarta-feira, 2 de maio de 2012

Uma lufada de ar fresco

     Num filme em que um dos protagonistas pede para apanhar ar, para respirar, há momentos de forte gargalhar.

     A comédia francesa em exibição com o título (traduzido) "Amigos improváveis" é um exemplo fílmico que faz esquecer a(s) crise(s) que possa(m) estar a ser vivida(s); que faz soltar o riso e a gargalhada, graças ao cruzamento de opostos. A receita é familiar, mas o resultado, no caso, é francamente divertido e libertador de tensões.
     Dirão alguns que é um bom momento de alienação, não fosse o caso de se assistir a uma situação com fundo verídico e, no meio do riso, se encontrar reflexões que não deixam de ser marcantes para o bem do comum cidadão (encarado nas suas diferenças e perspetivado nas potencialidades que sempre tem).
   Realizado por Eric Toledano e Olivier Nakache, o filme produzido em 2011 conta com duas grandes interpretações: a de François Cluzet (no papel de Philippe, um bem sucedido aristocrata que fica tetraplégico depois de uma queda de parapente, mas que sofre mais com a perda da mulher amada) e a de Omar Sy (Driss, um jovem dos subúrbios e com uma história de vida familiar problemática, que acaba por obter um emprego quando tudo parecia apontar para o facto de ser o candidato menos adequado à função: cuidar, a todo o tempo, de Philippe).

Montagem do trailer e de cenas fílmicas de Amigos Improváveis
     
     No arranque do filme uma situação caricata dá lugar a uma analepse na narrativa. Nela se revela como um amante de música clássica acaba por contratar um fan dos Earth, Wind and Fire; como um homem de arte e estilo necessita e convive com um subsídio-dependente, que aceita um desafio, uma aposta. Esta vai fazê-lo mudar de vida. Acima de tudo, constata-se como um deficiente aprende a (re)viver, acabando por se rir da sua própria condição junto da pessoa que não o faz lembrar-se sistematicamente desta última. Na redescoberta de cada um e na adaptação feita, a ponto de ambos se revelarem influenciados pelos sinais e pelos mundos de que se apartavam, cresce o sentido feliz da história: a atitude de abertura e a predisposição para aceitar oportunidades por parte de todos os que queiram dar uma chance à realização pessoal e à felicidade.
     Na solidariedade revelada e pelas motivações / representações dos universos vivenciados por cada um, nasceu um futuro melhor. Assim se anunciou no final. Uma realidade que se quer, por certo, repetida.

     "Intouchables" - este é o título original para uma película em que, contrariamente ao que o primeiro dá a ler, tudo toca: o princípio e o fim da história (mediada por uma analepse); as personagens representadas, que se interajudam; a mensagem e o espectador; um presente que, por mais marcado que seja pelo passado, tem hipótese de futuro.

5 comentários:

  1. Totalmente de acordo. Imperdível!!!

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  2. Obrigada pela sugestão. Parece ser uma ótima ideia.....



    bjnhs

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  3. Obrigada, Bitó

    Vou tentar ver o filme.
    Bj

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  4. Can´t hardly wait to see ! :)

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