Há razões que são mais do que injustificáveis, quando o tempo é de (pseudo) certificação e de revisões científicas algo duvidosas.
Q: Colega, estou a trabalhar com um manual de 7º ano que, num anexo informativo gramatical, apresenta a frase "Os amigos deles estão ali" para exemplo de um determinante possessivo: 'deles'. Acho estranha esta classificação, até porque está depois do nome. Concorda com este determinante?
R: Naturalmente que não concordo, pois não é confundível um determinante com a contração de uma preposição (de) com o pronome pessoal (eles).
Se é verdade que há uma aproximação entre a construção genitiva 'os amigos dele' e 'os seus amigos', em termos de elementos constituintes não há confusão possível, nomeadamente na configuração das classes de palavras neles representadas.
Registo, ainda, um reparo quanto ao pressuposto assumido para os determinantes, quando aponta que estes não se encontram depois do nome. Sendo típica a localização deles a anteceder os nomes (com os quais mantêm concordância de género e número), não deixa de acontecer que eles possam e/ou devam aparecer em posição pós-nominal, como em situações de nomes antecedidos de quantificador interrogativos ("Quantos livros teus levas?"), de exclamativas ("Que exemplos estes!"), de algumas retomas com relativas não restritivas ("As dificuldades são muitas, situação esta que não permite gastos não planificados"), de enunciados exortativos ("Alunos meus portam-se em condições"), vocativos formais e tipificados ("Senhora minha!").
Perante o exposto, mais se confirma que os "selos" das certificações, revisões e validações valem o que valem. E, por vezes, simplesmente não valem, não sendo garantia de qualidade. Espero que este seja apenas um exemplo perdido (ainda que péssimo) na qualidade do material em causa.
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