Nos últimos tempos, muito se tem falado de verdade... dos factos..., dos números...
A procura da segurança, das possibilidades e dos limites do controlo; o conhecimento da expansão do problema, do mal que vai grassando entre os humanos que "acordaram" para a limitação dos seus poderes, para a repentina e aproximativa onda de perigo e alarme, para a necessidade de se precaverem - eis os sinais destes tempos.
Surge, então, o desejo de saber a verdade real (como se a não adjetivada não o fosse tanto), o imperativo de que tudo se revele em conformidade e coerência. E de tanto nela se falar, recupero um diálogo entre Berequias Zarco e o Tio Abrãao, personagens de O Último Cabalista de Lisboa (2013), de Richard Zimler:
Também destaquei a mensagem da "verdade", aquando da leitura da página 59.
Talvez já tenha vivenciado situações para descobrir que há muitas perspetivas de "verdade" e, por isso, muitas verdades. Que a fronteira entre a verdade e a mentira se esbate ou apaga é uma certeza, bastando pensar naqueles casos de assumida verdade hoje e que redundam em evidente mentira no momento ou no dia seguinte.
Bem razão tem o judeu Berequias, na afirmação que faz. Cabe a nós distinguir as roupagens da mentira e não deixar que as tomemos sequer como máscaras da verdade.
Vivemos circunstâncias em que a confiança precisa de ser construída com aqueles que nos governam e dirigem. Cedo ou tarde, a verdade chegará. Nessa altura, avaliaremos se a que nos deram foi real, mascarada ou mera roupagem da mentira.
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