Nasceu, no ano de 1937, o vendedor e técnico publicitário que se fez poeta do fado e da canção (e não só).
O também conhecido poeta do "canto livre perseguido" auto-retratou-se da seguinte forma:
Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos
bom artesão na arte da proveta
narciso de lombardas e repolhos.
Cozido à portuguesa mais as carnes
suculentas da auto-importância
com toicinho e talento ambas partes
do meu caldo entornado na infância.
Nos olhos uma folha de hortelã
que é verde como a esperança que amanhã
amanheça de vez a desventura.
Poeta de combate disparate
palavrão de machão no escaparate
porém morrendo aos poucos de ternura.
A morte, com 47 anos, não apagou o poder politicamente interventivo, socialmente empenhado numa acção cívica que não deixou de popularizar a poesia: "ser poeta é escolher as palavras que o povo merece".
Assim o dizia José Carlos Ary dos Santos, que se comprometeu com a luta pela democracia e pelos valores da liberdade.
Parece-me ser caso de poeta - grande poeta - pouco lido por causa de preconceitos.
ResponderEliminarConcordo, absolutamente.
ResponderEliminar