segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O poeta do fado e das canções

    Nasceu, no ano de 1937, o vendedor e técnico publicitário que se fez poeta do fado e da canção (e não só).

    O também conhecido poeta do "canto livre perseguido" auto-retratou-se da seguinte forma:

Poeta é certo mas de cetineta
fulgurante de mais para alguns olhos 
bom artesão na arte da proveta 
narciso de lombardas e repolhos. 

Cozido à portuguesa mais as carnes 
suculentas da auto-importância 
com toicinho e talento ambas partes 
do meu caldo entornado na infância. 

Nos olhos uma folha de hortelã 
que é verde como a esperança que amanhã 
amanheça de vez a desventura. 

Poeta de combate disparate 
palavrão de machão no escaparate 
porém morrendo aos poucos de ternura.

    A morte, com 47 anos, não apagou o poder politicamente interventivo, socialmente empenhado numa acção cívica que não deixou de popularizar a poesia: "ser poeta é escolher as palavras que o povo merece". 
     
     Assim o dizia José Carlos Ary dos Santos, que se comprometeu com a luta pela democracia e pelos valores da liberdade.

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