Na Terceira, em 1901, nascia um homem voltado para o mundo, mente de uma insularidade ou açorianidade universais.
O choro da criança nascida fez-se Canto Matinal (1916). Cresceu em Amor de Nunca Mais e Fala das Quatro Flores (1920), respectivamente expressão dramática e poética para quem viria a assumir-se como um autor e professor de Literatura atento à pluralidade (que engloba a contradição, o insólito e a renovação cíclica) e à novidade do mundo. Nem toda a noite a vida é um título para o ano de 1952, entre muitos outros que se lhe seguiram essencialmente na poesia e no romance.
NOMEIO O MUNDO
Com medo de o perder nomeio o mundo,
Seus quantos e qualidades, seus objectos,
E assim durmo sonoro no profundo
Poço de astros anónimos e quietos.
Nomeei as coisas e fiquei contente:
Prendi a frase ao texto do universo.
Quem escuta ao meu peito ainda lá sente,
Em cada pausa e pulsação, um verso.
Com medo de o perder nomeio o mundo,
Seus quantos e qualidades, seus objectos,
E assim durmo sonoro no profundo
Poço de astros anónimos e quietos.
Nomeei as coisas e fiquei contente:
Prendi a frase ao texto do universo.
Quem escuta ao meu peito ainda lá sente,
Em cada pausa e pulsação, um verso.
in O Verbo e a Morte (1959)
A imagem televisiva de um homem que conversava, contava histórias e dizia poemas; que comunicava. Estas são algumas das memórias que ainda guardo de alguém também feito de humor e em constante diálogo (cheio de intensas emoções) com o telespectador.
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