A propósito do Acordo Ortográfico, eis a novidade que nunca o foi.
Q: Ouvi dizer que o Acordo Ortográfico já admite a escrita dos dias da semana com letra minúscula. Acha que devo ensinar os meus alunos a escrever dessa forma?
R: Bem, começo por dizer que não sou eu nem as minhas opiniões que devem orientar o trabalho de um professor com os seus alunos. Limito-me a partilhar ideias que não foram, não são nem nunca serão prescritivas. Aconselho, quando muito, a leitura de referenciais de acção como opção a seguir, mais do que intuições ou usos cuja origem é algo obscura.
Na Antiguidade Romana identificavam-se os dias da semana pelo conjunto de estrelas:
É tempo de nos convertermos ao que já o Cristianismo ditava, na laicização, na secularidade e na mundanalidade das feiras (vem de longe, por certo, este gosto por 'centros comerciais') cruzadas com a humildade das missas. Tudo muito minúsculo.
Na Antiguidade Romana identificavam-se os dias da semana pelo conjunto de estrelas:
Sol, Lua, Marte, Mercúrio, Júpiter, Vénus e Terra.
No que toca aos dias da semana, creio que sempre se deve ter ensinado a sua grafia com minúscula (a não ser no contexto habitual para todas as palavras que abrem uma frase com maiúscula). Não se trata de uma questão nova introduzida pelo Acordo Ortográfico, pois qualquer boa gramática do Português (a propósito de orientações gráficas) apresentaria a grafia de 'domingo, segunda-feira, terça-feira, quarta-feira...'.
Em termos de História da Língua, é um dado que, no nosso idioma, se marcou a influência do Cristianismo por vários meios, um deles pela designação dos dias da semana. Creio ser a única língua, entre as românicas, que apresenta a denominação de alguns dias numa fusão resultante entre um encontro comercial (feira) e o horário das missas realizadas em determinadas regiões: 'feria secunda, feria tertia, feria quarta, feria quinta, feria sexta'.
Voltando ao ponto do Acordo Ortográfico, aqui não há, de facto, novidade. Esta, genericamente, residirá apenas ao nível dos meses do ano (ex.: janeiro, fevereiro, março, abril... até dezembro) ou dos pontos cardeais e colaterais (ex.: norte, sul, este, oeste, sudeste, és-sueste), exceptuando neste último caso as abreviaturas correspondentes ou as denominações genéricas das regiões geográficas, para as quais se mantém a maiúscula (ex.: N, S, E, O / Desta vez vou de férias para o Norte).
É tempo de nos convertermos ao que já o Cristianismo ditava, na laicização, na secularidade e na mundanalidade das feiras (vem de longe, por certo, este gosto por 'centros comerciais') cruzadas com a humildade das missas. Tudo muito minúsculo.
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