No meio da sagração, do respeito e da fé, nem só as árvores têm vida. A língua também.
Entre o que haja a respeitar, uma das questões a destacar é a da correcção da língua, no que às convenções ortográficas diz respeito - particularmente as relativas à acentuação.
Pode o autor da escrita na "placa dourada" (que nada tem de ouro) estar a pensar desfazer um ditongo que, na verdade, não existe. Nem sempre duas vogais juntas constituem ditongo (duas vogais constitutivas de uma sílaba, produzidas numa só emissão sonora). É o caso. Trata-se de um hiato (sequência de duas vogais pertencentes a sílabas distintas).
E se as rainhas não podem ser "coroadas" com um acento gráfico, o mesmo sucede com as campainhas (do latim 'campanīna-') , as tainhas (do latim 'tagenĭa-'), as fuinhas (do francês 'fouine' ou as grainhas (do latim 'granu-'+inha); ou mesmo todas as palavras terminadas em '-inha' (por serem graves, em termos de acento fónico).
Sem ser um lugar sagrado, há que respeitar o que as gramáticas e as convenções ortográficas ditam. Não sei se será uma questão de fé, mas o certo é que a língua é para o uso de cada um de nós. Mesmo tendo vida, há que "alimentá-la" com o que a faz ainda reconhecível aos olhos de qualquer falante, ouvinte, leitor. Prova de que não se pode escrever apenas pelo que se diz / ouve.
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