A erupção do vulcão em Merapi, na Indonésia, activou-me memórias muito recentes.
A força destruidora da natureza está aí, viva, activa, desde 26 de Outubro. Ontem, mais uma erupção.
São muitos os feridos; há corpos resgatados que se encontram carbonizados; há problemas respiratórios e queimaduras entre os que sobrevivem a mais uma catástrofe na Indonésia.
Na outra extremidade do mundo, são e salvo, só tenho uma pequeníssima percepção do medo. E mesmo essa é tão distanciada quanto a de um turista que se viu perante uma possibilidade de ameaça: a de um vulcão que, a todo o momento, pode ainda expelir esse familiar manto de fogo, que os séculos acabaram por transformar em material para a construção de muros na cidade.
Lembro-me de Pompeia, dos vestígios que, por ora, alimentam a fantasia dos turistas que a visitam; que fazem do presente memória de um passado trágica e ameaçadoramente repetível.
Vesúvio (ao fundo) dominando o Templo de Apolo, em Pompeia.
Lá ainda se sente o peso sufocante de uma morte que dizimou os cerca de 5 mil habitantes da antiga cidade italiana, situada a sueste de Nápoles. Corria o ano de 79 d. C. e o Vesúvio vomitava a lava e os gases mortíferos. O resto viria com o passar das horas: chuvas de pedra e de gás, névoas de fumo e escuridão, ondas de fogo e cinza aquecida.
Tempo de incineração, petrificação, de imobilização na posição de morte - a que perdurou até aos dias de hoje.
Tempo de incineração, petrificação, de imobilização na posição de morte - a que perdurou até aos dias de hoje.
Passados mais de mil e novecentos anos, as memórias lá estão a descoberto, graças às escavações que se têm vindo a fazer desde há cerca de dois séculos e meio - vestígios de uma cidade romana classificada Património Mundial pela UNESCO, na zona designada por Áreas Arqueológicas de Pompeia, Herculanum e Torre Annunziata.
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