segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

À terceira foi de vez

   Diz o povo que não há duas sem três, mas as primeiras duas bem que podiam ter sido evitadas.

    Para quem estava há muito a pedir uma comédia, a situação estava a tornar-se irritante, conforme já foi anteriormente relatado.
    Desta feita, tudo correu pelo melhor, não fosse o facto de algumas piadas estarem gastas (pudera!... por três vezes vistas), de muito da história já se se ter antecipado à luz do que o próprio título sugere, de o mal-estar vivido nas tentativas anteriores ainda se fazer sentir (quase numa espera maquiavélica de que tudo voltasse a repetir-se).
     "Guia para um final feliz", de David O. Russell, é uma comédia romântica (inspirada no romance de Matthew Quick) que dá conta de personagens emocionalmente instáveis, mas que não podem ser melhores, a julgar pelos exemplos familiares que os rodeiam. Isto mesmo se conclui quando Pat (Bradley Copper) regressa a casa dos pais, depois de ter perdido o casamento e ter vivido algum tempo internado numa instituição psiquiátrica, cruzando-se numa rua do bairro com Tiffany (Jennifer Lawrence), uma jovem em fase de superação de desequilíbrios provocados pela recente morte do companheiro. Melhor do que ninguém, ambos acabam por cuidar um do outro, descobrindo uma zona, uma dimensão terapêutica (na dança) para a natural sobrevivência e reconstrução das respetivas vidas - nomeadamente a que permite perspetivar um futuro conjunto.
     Nomeado para oito Óscares, entre os quais o de melhor realizador, ator, atriz e fotografia, esta película conta ainda com a participação de nomes como o de Robert de Niro, no papel de pai de Pat e de um obsessivo adepto da equipa de futebol dos Philadelphia Eagles; o de Jacki Weaver, como mãe que tudo faz para recuperar e acompanhar um filho cuja vida não corre(u) conforme o planeado.
        Com uma história tocada de alguma previsibilidade na progressão do enredo, o drama familiar em que Pat se inclui (apetece dizer que tudo parece estar doido) abre a porta para alguns apontamentos de cómico, bem como para representações evidenciadoras de desempenhos muito versáteis - o caso de Robert de Niro, que, entre o obsessivo compulsivo e o carente à procura (à sua maneira peculiar) da afetividade do filho, tem num papel de segundo plano o pequeno contributo de um grande ator para uma longa metragem.
       E quando os vencidos celebram a vitória, há razões para acreditar que a loucura e a crise podem estar a chegar ao fim.

      Fica a palavra "Excelsior": transformar em energia positiva toda a corrente negativa, todos os maus fluidos que connosco convivem. Nos tempos que correm, mais vale dizê-la vezes sem conta.

2 comentários:

  1. E o enguiço quebrou-se. Finalmente!

    E para mim ficaram um bom momento de humor recheadinho de "nonsense", a importância de saber ler os sinais (nada que eu já não soubesse!) e... Excelsior, claro!

    É um pouco como tu dizes: alguns ingredientes para se ir vencendo a crise!

    Confesso que em termos de humor, gostei muito mais de um outro filme em que "Seis Sessões" terapêuticas nos são propostas para sabermos (con)viver melhor connosco e com os outros! Um outro Excelsior!

    Beijinho e bom Carnaval!
    IA

    PS: "Roubei" este post para uma ficha de trabalho sobre texto de apreciação crítica. Não sei se poderei pagar em duodécimos!... :-)

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    1. Não chegaste a tempo. Só tinhas cinco dias, desde que a lei entrou em vigor. Onde eles já vão!

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