domingo, 26 de maio de 2013

Preferia acertar no Euromilhões?

    Quem muito fala pouco acerta, diz o povo. Falar antes do tempo não traz bom vento (e vá lá saber-se como vai ficar o casamento).

    Assim se cumpriu o que prenunciei, quando se falava da euforia do Benfica, mais precisamente do seu treinador, ao vangloriar-se, aos sete ventos, do grande feito que era estar em três frentes futebolísticas: a taça de Portugal, a taça da Liga Europa, o campeonato nacional. Segundo ele, com tal dinâmica, o Benfica era muito difícil de parar.
     Pois é: as máquinas são infalíveis até, atingindo o máximo, se anunciar a avaria ao fundo (e nisso a 'Ode Triunfal', de Álvaro de Campos, é exemplo perfeito). A máquina parou e as três frentes revelaram-se três grandes traseiras.
   Perdido o campeonato para o Futebol Clube do Porto, lá disse eu que ainda ia cair o Carmo e a Trindade, prenunciando a perda das restantes taças. O Chelsea levou a melhor, na Europa; o dito premonitório concretizou-se hoje com a derrota na terceira frente: vitória para o Guimarães, que, pela primeira vez, ganha a Taça de Portugal. 
    Um bom feito (para não sair o moralista 'bem feito!'), particularmente por um considerado clube de segundo plano ter vencido (renova-se a História, com o berço da nacionalidade a conquistar Lisboa, para não dizer que David voltou a vencer Golias). Depois, por fazer quebrar, definitivamente, o convencimento de quem fala antes do tempo e se acha capaz de tudo controlar (como é costume dizer, também, "Quem tudo quer tudo perde"). O resultado foi comum às três partidas: 2-1, com o golo singular para o Benfica.
      Fosse Camões vivo e, hoje, escreveria "Vitória perdeu a pena / Não há mal que lhe não venha".
      A tristeza que deve reinar lá para o sul do país deve ser pesarosa.
     No Norte, há sinais de revolta que alimentam a vontade, a crença e a luta até ao final.
      
      Não sei se é força do destino ou qualquer outra corrente enérgica capaz de consertar excessos; mas seja lá o que for, se me fizesse ganhar o Euromilhões, era melhor empregue do que fazer adivinhar e cumprir futuros futebolísticos.

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