Na sequência de um comentário, um contributo para a polissemia e outras relações mais no domínio da Lexicologia.
Foi-me sugerida a consulta do blogue de Filipe Simões, do qual apresento a imagem de abertura:
o header do blogue citado: http://polissemiaslevas.blogspot.pt/
Trata-se de um perfeito exemplo, mais do que da polissemia anunciada, de como o título do blogue brinca com a homofonia do termo (Polissemias > Póli, se mias...) e de como este fenómeno não tem que se centrar apenas nas relações ao nível das palavras. Também ele se cumpre ao nível da construção frásica (cf. 'Com «sigo» nunca paro' > 'Consigo nunca paro' / 'Foi tudo debalde' > 'Foi tudo de balde' / '«Amaria» tem r' > 'A «Maria» tem r').
Aliás, ao longo dos apontamentos desse blogue, encontram-se múltiplos exemplos de vários fenómenos relacionais (tanto no plano do significado como no do significante), alguns dos quais não têm relação com a polissemia.
Se 'implantação' apresenta a mesma entrada / aceção no dicionário, tanto para o sentido de implantação de um regime político como para o de órgão fisiológico, o mesmo não sucede com 'decorar': se o sentido de 'ornamentar / enfeitar / adornar' está associado ao étimo latino 'decorāre', o mesmo não sucede com o sentido de 'memorizar, saber de cor' (proveniente do processo morfológico que, a partir de uma expressão, evidencia a sufixação com '-ar': de cor + ar > decorar). Assim, este último caso é um exemplo de homonímia e não de polissemia.
O mesmo sucede com o vocábulo "sol", conforme as realizações propostas na ilustração. A etimologia é bem distinta: para o 'sol' estrela, há o étimo 'sol, sōlis'; para o 'sol' musical, a origem encontra-se na redução silábica do étimo latino 'solve'. De novo homonímia e não polissemia.
Já o caso de 'adágio', face a andamento, tem uma relação que em nada apresenta de polissémico, tratando-se o primeiro de um tipo específico (lento) de andamento. A relação é, respetivamente, a de hipónimo para o hiperónimo.
Se 'implantação' apresenta a mesma entrada / aceção no dicionário, tanto para o sentido de implantação de um regime político como para o de órgão fisiológico, o mesmo não sucede com 'decorar': se o sentido de 'ornamentar / enfeitar / adornar' está associado ao étimo latino 'decorāre', o mesmo não sucede com o sentido de 'memorizar, saber de cor' (proveniente do processo morfológico que, a partir de uma expressão, evidencia a sufixação com '-ar': de cor + ar > decorar). Assim, este último caso é um exemplo de homonímia e não de polissemia.
O mesmo sucede com o vocábulo "sol", conforme as realizações propostas na ilustração. A etimologia é bem distinta: para o 'sol' estrela, há o étimo 'sol, sōlis'; para o 'sol' musical, a origem encontra-se na redução silábica do étimo latino 'solve'. De novo homonímia e não polissemia.
Já o caso de 'adágio', face a andamento, tem uma relação que em nada apresenta de polissémico, tratando-se o primeiro de um tipo específico (lento) de andamento. A relação é, respetivamente, a de hipónimo para o hiperónimo.
Não se pode, portanto, reduzir as relações do léxico (e não só) ao simples fenómeno da polissemia, que - na base de apontamentos anteriores - requer uma zona de significado comum. Esta aproximação de diferentes significações a uma só unidade lexical apoia-se numa só origem etimológica.
Sem se relacionar diretamente com a polissemia, só queria aqui dizer que gosto muito mais desta carruagem "bem diurna", cheia de um azul-azul,algum verde e paisagem mal focada, facto consequente, sem dúvida, da velocidade que este "vagão" 23 atinge!
ResponderEliminarbeijinho e um bom domingo!
IA
Obrigado.
EliminarCansei-me da escuridão que vejo. Já basta a que sinto.
Quanto ao "mal focado", deve ser do dono do sítio: anda pitosga. Daí precisar de óculos.
Beijinho e bom domingo, também.
Olá!
ResponderEliminarCheguei até aqui através da referência à polissemia, essa propriedade linguística que tanto adoro.
Pois é, sou eu o autor do blog que é aqui destacado!
Desde já o meu agradecimento por isso, fico feliz por saber que há mais gente que se interessa pelos fenómenos da nossa língua.
Por outro lado, tenho que concordar consigo. De facto os meus cartoons não são exclusivamente polissémicos. Nem o próprio título o é. E por isso me debati tanto tempo se usaria este título ou não, mas acabei por usá-lo porque gostei da sonoridade e do trocadilho em si.
Talvez a descrição do blog (que ainda não tornei muito visível) me ajude a redimir um pouco desta situação. E passo então a citá-la: "Polissemias, Parémias, Perífrases, Paronomásias, Prosopopeias e Principalmente Parvoíces Proporcionadas Por Palavras".
Ora cá está: o meu objectivo é brincar um pouco com as palavras e com os desenhos, que são as minhas duas paixões.
Mas fico sinceramente feliz por ver um artigo que, não só faz referência ,mas vai ainda mais longe: disseca-o e analisa-o como nem eu o saberia fazer!
Muito obrigado!
Filipe Simões
Boa noite.
EliminarObrigado pelo contacto, pelas palavras e pela explicação.
Ainda bem que brinca com as palavras e proporciona momentos agradáveis com os seus trabalhos. Assim foi comigo, independentemente da maior ou menor adequação da "polissemia". Por isso, divulguei o blogue.
Por certo a ele voltarei, na expectativa de nele encontrar mais material, nomeadamente para as minhas aulas e as minhas comunicações no âmbito da didática do Português, da formação de professores e dos estudos linguísticos. E sempre divulgando-o!
Bem haja.
Cumprimentos.
VO