sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Por outras palavras...

    Este é o título da secção que, no Jornal de Notícias, nos dava a ler as suas mais recentes crónicas.

      Hoje faço crónica de uma vida que deixou de ter ritmo (assim ele o dizia: a vida é ritmo), mas que nos legou a cadência dos sons, das palavras, das ideias - para ler e reler sempre que tal nos aprouver ou sempre que o ritmo da vida nos deixar.
     Galardoado com o Prémio Camões, em 2011, Manuel António Pina viu assim reconhecido o seu trabalho com as letras, a literatura - uma relação que o apaixonou mais do que o Direito, no qual obteve a sua licenciatura. Era na poesia que sentia o seu sangue, num corpo feito de teatro, narrativa, literatura infantojuvenil e muita escrita inspirada tanto no real como no ficcional. 


       Nascido no Sabugal, aos sessenta e oito anos despede-se no Porto, onde largamente se inspirou para aquela que assumiu como sendo a sua forma de felicidade. Um homem de outra ordem, de outro brilho, que a argúcia e a razão saberão fazer lembrar.

    Tempo para citar o poeta, num conjunto de versos seus incluídos num ciclo de poemas intitulado "Farewell Happy Fields": Estou morto, deitado de lado. / Morte, Vida, Medo, Esperança: / já não estou para aí virado. / Onde vos guardarei agora, lembranças?

3 comentários:

  1. Belo texto de homenagem a Manuel António Pina e belo poema escolhido.
    Os escritores abrem novos caminhos e dizem muito do que muitos seres humanos sentem.
    Por isso, o escritor pôde, com certeza, morrer descansado, mas foi ainda muito cedo, porque muito mais poderia ainda dizer!

    Um beijinho
    M.

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  2. Foi no sábado passado que um dos seus poemas veio ter comigo numa ação de formação sobre Leitura. Longe de mim imaginar que uma semana depois não haveria mais palavras suas a arrebatar o branco do papel...

    Ficámos mais pobres também sem o seu bom humor!

    É caso para dizer: até sempre!
    IA

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  3. Pois é, amigas, um trabalhador da palavra, um pensador refletido e reflexivo, um combinador de sentidos e sons que viu fechar-se o livro da vida. Fica nas nossas mãos a possibilidade de o reabrir, a fim de renascer para os leitores que o venham a(re)conhecer.
    Demos-lhe a vida que merece.
    Beijos e bom domingo.

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