segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Algumas linhas sobre 'As linhas de Wellington'

      Visto o filme, algumas linhas se impõem.

    Belas imagens, boas interpretações e caracterizações num elenco de variedade multinacional e geracional, fundo musical interessante e, como pano de fundo, um contexto histórico dos inícios do século XIX, fazendo relembrar  o tempo representado das invasões napoleónicas e do enquadramento epocal de um Felizmente Há Luar!, de Sttau Monteiro.
      No período das invasões francesas e de aliança com os ingleses, o tempo de guerra faz-se de um imenso mar de dores e sofrimentos, de perdas e abandonos; faz-se da terra queimada e dos escombros que beligerantes, desertores, indigentes, usurários, vítimas do oportunismo têm como inferno de uma vida entregue à luta, à resistência, à sobrevivência.


      As linhas de Wellington são as que fazem ecoar a figura de Gomes Freire, as que desenham um fio de esperança por mais que surjam as adversidades. São ainda aquelas que, na depauperação de um país, sublinham o papel do espírito, do valor cultural, da palavra que o sábio e o poeta conseguem passar, a ponto de cativar a personagem mais silenciada, mais agredida, mais destituída inclusive da vida que, só por força do sonho e do espírito, consegue libertar-se do estado moribundo em que se encontra.

      Mais um exemplo de um filme que se apresenta como tempo-metáfora de uma atualidade inquestionável: aquela em que só o cultural e espiritual se impõem como possibilidades de superar a realidade adversa. Um épico que não se reinventa na História, mas tem nesta pena de fundo para mostrar um país à deriva entre duas forças que dele se aproveitaram.

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