Um apontamento acerca da composição frásica, nos termos em que a questão foi colocada.
Q: Para se distinguir uma oração coordenada de uma oração subordinada podemos experimentar antepor uma coordenada adversativa, por exemplo, a uma oração coordenada. Apercebemo-nos de que a frase resulta agramatical, ao contrário das subordinadas que se podem sempre antepor à subordinante. No entanto, isso apenas é válido para a subordinação adverbial, certo?
1- A Joana disse para ires almoçar
2- A mãe precisa de quem cuide do bebé
3- A rapariga que está levantada é minha irmã.
4- A rapariga, que é portuguesa, dá aulas de Francês.
Em qualquer uma destas frases a anteposição da subordinada substantiva completiva não finita (1), da substantiva completiva finita (2), da adjetiva relativa restritiva (3) e não restritiva ou explicativa (4) não é possível. Dever-se-á manter esse critério como forma de distinção entre a coordenação e a subordinação?
R: O princípio genérico que refere para a distinção entre coordenação e subordinação é válido para as subordinadas adverbiais, mas nem todas. Excluem-se as comparativas e as consecutivas, que, na verdade, apresentam um comportamento sintático bem mais próximo da natureza substantiva do que da adverbial (a este propósito, confronte um apontamento anterior que se refere a estas construções mais como complementos do que como modificadores).
No que toca às subordinadas substantivas, há construções de topicalização que também admitem a inversão, devidamente assinalada pela pontuação. É o caso de ‘Não sei quem fez o trabalho’ > ‘Quem fez o trabalho, não sei’ e ‘Não sei que dizer’ > ‘Que dizer, não sei’).
Tal propriedade não ocorre com as subordinadas adjetivas.
O certo é que as possibilidades de inversão das subordinadas não acontecem definitivamente na coordenação, nomeadamente, e sublinho, pelo facto de o elemento articulador ou conector (conjunção ou locução) não poder encabeçar a inversão da coordenada por ele introduzida. Esta impossibilidade é estável, razão mais forte para a identificação da coordenação (ainda que haja outras) do que propriamente aquilo que certas gramáticas apontam como distintivo, isto é, a questão da autonomia das orações coordenadas. Não verdade, não é sequer correto apontar este dado, pois também há muitas subordinadas adverbiais que, uma vez retirado o articulador, se afiguram como autónomas: ex – ‘Os alunos entram na sala quando o professor chega’ / 'Os alunos resolveram bem o exercício porque tinham estudado').
A alegada simplicidade da coordenação, face à subordinação, é completamente negada quando relacionada com questões anafóricas, elípticas, de estrutura correlativa e de progressão lógica. A inversão é mais um dos testes reveladores da sua complexidade - a requerer uma abordagem explícita do conhecimento a adquirir.
A alegada simplicidade da coordenação, face à subordinação, é completamente negada quando relacionada com questões anafóricas, elípticas, de estrutura correlativa e de progressão lógica. A inversão é mais um dos testes reveladores da sua complexidade - a requerer uma abordagem explícita do conhecimento a adquirir.
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