quinta-feira, 6 de junho de 2013

Nova conjugação verbal

      Gostava de, em jeito de fidelidade às fontes, indicar a original.

    Todavia, não o podendo fazer por ora, fico-me pelo registo que segue, já muito comentado no dia de hoje e ao qual começo a dar crédito por alguma recorrência no erro.
    Não é por nada, mas a classe política deste cantinho à beira-mar plantado tem-nos brindado com pérolas da melhor qualidade no que toca à ignorância assumida face à literatura, à cultura e à devida utilização da língu aportuguesa. Desde Os Lusíadas inacabados (pois já chegaram a ter apenas quatro ou nove dos dez cantos) ao aniversário do literalmente imortal Machado de Assis (que, no final do século XX, teve direito a cartão de felicitações com endereço e destinatário, por certo, para o além ou a cova funda), de tudo tem havido um pouco.
    Quanto ao nosso atual Presidente da República, já foi aqui apontada uma debilidade no uso da língua portuguesa. Aqui vai mais uma:


    Toda a gente comenta o mais recente "façarei". Julgo que não anda nada longe do "fazerei" que tendo a ouvir com a pronúncia de Boliqueime. Há coisas que um alto representante da nação nunca pode fazer: utilizar mal a sua língua (a qual, para o poeta, chega a ser a própria pátria).
    De novo, a política da língua perde credibilidade com representações ou produções destas, apontadas no banco da escola como dos casos mais típicos a considerar na irregularidade verbal ("farei" para o verbo 'fazer'; "trarei", para 'trazer'; direi, para 'dizer'). 
      Isto para não falar mesmo numa construção tão má quanto a que se ouve em "... que é de comentar em público a vida dos partidos políticos." O "que é de" é completamente escusado.

    Não vou mais longe, porque os tempos andam complicados no que toca a apontar o dedo às instituições. Mas lá que elas se põem a jeito, quanto a isso não há dúvida. (E se agora eu acrescentasse "Tenho dizido!", que seria de mim?!)

2 comentários:

  1. Este Presidente da República é por temperamento e cultura um provinciano. Não valorizo tanto estes lapsos formais que constituem a sua identidade, pois nunca foi o «meu» Presidente, mas por motivos mais substanciais. E também não está na minha natureza lapidar quem já está no charco. Ao seu façarei, apenas respondo como o faria um célebre diretor:
    - Já foste(s)...
    Ora, já sobre esta gralha, na paróquia, se faz um silêncio ademais «pacífico», como se estivéssemos na Casa do Senhor.

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    1. Quanto aos silêncios "ademais pacíficos", acrescento, Vitorino, que não há Senhor nem Casa que valham aos pecadores, percebesteSSSS.
      Gosto particularmente desse "Já fosteSSSS"!
      (Perdoai-os, Senhor, que eles não sabem o que fazem)

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