quinta-feira, 17 de outubro de 2013

"Apuntamentu du Nuórte"

      Circula no facebook uma imagem com algumas notas da "bariedáde" do "Puôrto", com a "debida internacionalizaçõue".

                                     Imagem da IllustrArt
       Algumas das expressões típicas  figuram na imagem, com uma pequena ilustração e a tradução, nem sempre fiel, do significado atribuído: o "c'a grizo" é mesmo a exclamativa "Que frio!", que também tem a variante do "que brióle!"; o "arrostar postas de pescada" é mais abrangente, para todo aquele que fala daquilo que não sabe. As restantes são mesmo típicas aos ouvidos do Porto.
       Claro que faltam os "bitorinos" (sapatos) para "dar de frosques" ou o também comum "bazar" ou "pôr-se na alheta"  (fugir). Nada de confundir com "abanar o capacete", porque isso só quando chega a hora da dança e nada como "pôr-se à coca" para apanhar o ritmo.
        Destas e muitíssimas outras expressões, nada como ler os Heróis à Moda do Porto (publicação da editora "Lugar da Palavra" e com a coordenação do professor João Carlos Brito), que bem podia ser à moda do Norte, para ser mais correto, pois tudo o que está para lá do Douro já é mouro.
        Para lá do escrito, nada como ouvir os Trabalhadores do Comércio, na clássica (já dos anos oitenta do século passado) cantiga "Ou tás quetinho ou lebas no focinho" (com letra imprópria para os ouvidos e os olhos habituados ao registo mais padronizado da língua):


TÁ QUETINHO OU LEBAS NO FOCINHO

Ou tás quetinho ou lebas no focinho (4x)
Ou tás quetinho e caladinho
Ou tás quetinho ou lebas no focinho

Já num quero mais comer
Já tou farto de ir p'à escola
O qu' eu gosto é de correr
E d' andar ao chuto à bola.

Eu num bisto mais calções
Nem bebam do qu' eu tenho
Não me deiam encontrões
Quando caio eu não saio.

Cala essa boca, não digas isso, isso é pecado
Olha c'o pai e o Jesus fica zangado.
Num custa nada pôr o sabudo a ser delicado

                                Refrão

Já tou farto de ir à missa e de rezar o Padre nosso
E num gosto que m' obriguem a comer do que num gosto
Só me impingem babozeiras
Só me querem magoar
E são tantas as asneiras mas eu tenho que calar.

Cala essa boca, não digas isso, isso é pecado
Olha qu' o pai e o Jesus fica zangado.
Eu só pergunto mas ele fica todo atrapalhado.

                                Refrão (x 2)


      Este apontamento ficou um hino ao linguarejar tripeiro, "p'ra ninguém mandar bire" (refilar, discutir, reclamar ou protestar).

        É o que faz ser um "hóme do Nuorte, carago!"

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