As notícias são graves, o descrédito é enorme. Triste do país que já não crê nos que o governam nem nos que o querem governar.
De novo, os poetas falam mais alto, certeiros.
Não interessa onde vão, mas o que viram e o que encontraram (tão diferente do ponto de partida).
"Fui até ao campo com grandes propósitos.
Mas lá encontrei só ervas e árvores,
E quando havia gente era igual à outra.
Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar?"
Em que hei de pensar? Sei no que penso e no que não é por certo bom.
Não sei no que hei de pensar, pois começo a não ver qualquer sinal de esperança, muito menos naqueles que só se governam, por já não governarem ninguém mais. Entre os que são desonestos, os que já o foram e falam (sem qualquer autoridade) na desonestidade daqueles, há ainda os que vendem a banha da cobra, para os que ainda estão à espera de soluções miraculosas.
Nos versos de Álvaro de Campos (in "Tabacaria", 15 de janeiro de 1928), há pretérito tão presente que se revê no futuro que hoje vivemos, tão longe de ser diferente do que foi.
Não há futuro com o presente constantemente ameaçado por quem se mostra cego, surdo e não mudo (porque fala de mais, antes do tempo e sem qualquer credibilidade).
Sinais dos tempos (os que se vivem e os que estão para vir), mas que a poesia já encontrou, denunciou a todos os que a quiseram ler. Lembrando outro poeta, diria: não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí.
Sinais dos tempos (os que se vivem e os que estão para vir), mas que a poesia já encontrou, denunciou a todos os que a quiseram ler. Lembrando outro poeta, diria: não sei por onde vou, mas sei que não vou por aí.
E logo revisitamos Ruy Belo: "tenho uma dor chamada portugal, país defunto, talvez unto para nações vivas..."; é, somos este unto que lubrifica o crescimento das alemanhas, angolas e tantos outros. E, como todo o unto, depressa chegamos a um país abjeto cujo odor tresanda a léguas.
ResponderEliminarPreferia que fosse a imagem de uma vila tal como a do "Húmus", de um Raul Brandão. Começo a crer que já nem isso, infestado que estamos de ervas muito daninhas e danosas.
EliminarObrigado pelo comentário.