Isto é o que dá: quem se mete com intrigas...
Q: Olá, Vítor. Como é que classificas "intrigante", em termos de função sintática, na frase "Nesse ano, os editores acharam intrigante que o acordo ortográfico mudasse tanto a escrita"?
R: Viva. Trata-se de um predicativo do complemento direto, conforme se pode verificar pelos argumentos seguintes: é utilizado o verbo 'achar' enquanto transitivo-predicativo, sinónimo de 'julgar', 'considerar', 'avaliar'; a estrutura argumental deste tipo de verbos seleciona um complemento direto mais um predicativo (caracterizador desse complemento).
Não sei se a dúvida se prende com a localização do adjetivo 'intrigante', mas a inversão é habitual nos contextos de complemento direto extenso na estrutura transitiva predicativa (nomeadamente com uma configuração oracional, como é caso da subordinada completiva da frase dada: 'que o acordo ortográfico mudasse tanto a escrita').
A frase não é, por certo, alusiva à atualidade do acordo. Para mim, é o próprio enunciado que se revela intrigante.
Eu gosto tanto da sintaxe!
ResponderEliminarObriga-nos a "desmontar" frases para ver como funciona a língua, o que, neste caso, também significa um pouco ver como funciona o pensamento, estruturas em hierarquia!
Pequeno parêntesis:
(Graças a Deus aqui não há funcionários públicos... apesar de, cada vez mais, ela ser maltratada - a língua - na boca de todos e dos que encimam as cúpulas!)
Beijinho e bom FDS!
IA
PS: Já não viajava aqui há muito tempo!... Ando "fugida" do mudo virtual.
Há gostos para tudo, amiga.
ResponderEliminarEu fico-me pela pragmática. É mais desafiante, enigmática... Com ela é preciso montar tudo para ter significado.
Bom fim de semana também para ti.
PS: Também ando poucas vezes de "carruagem"! Estou mais numa de oralidade, nos últimos tempos.
Beijo.